Sabia que a Coca-Cola beneficia de uma taxa reduzida de IVA de 5%, enquanto o Nestum é taxado a 21%? E que os arranjos de flores pagam 12%, mas os produtos de higiene, como papel higiénico, pagam a taxa normal de 21%?
Sem critérios aparentemente bem definidos, é difícil explicar alguns dos benefícios concedidos a determinados bens ou serviços. Por exemplo, por que razão alguns aperitivos e snacks são taxados a 12% e não a 21%?
O fiscalista Saldanha Sanches defende que existem situações que só podem ser fruto de um lobby económico ou de uma mera coincidência. Também o secretário-geral da Associação de Defesa do Consumidor (Deco), Jorge Morgado, destaca o papel do «lobby financeiro, que quer taxas mais baixas para conseguir vender maiores quantidades». Assim, «em vez de terem um papel de guiar o consumo, os impostos não seguem, muitas vezes, uma lógica social».
Jorge Morgado critica ainda, em declarações ao «Diário de Notícias», as inúmeras alterações à lei, feitas de uma forma pontual e que muitas vezes prejudicam os consumidores.
Para o responsável da Deco, seria desejável, por vezes, fazer uma discriminação dentro da mesma categoria. «Por exemplo entre a papa e os biscoitos para crianças ou entre o pão de forma e o de padaria. São questões que poderiam ser analisadas».
Por seu lado, Saldanha Sanches afirma que a solução mais eficaz é eliminar as excepções e baixar a taxa normal de IVA para todos os produtos e serviços para 17%. No seu entender, as taxas específicas só trazem problemas, que até são uma grande fonte de receita para os fiscalistas. No limite, «o IVA deve ter muito poucas excepções».
Portugueses pagam taxas absurdas de IVA
- Redação
- PGM
- 29 ago 2005, 09:00
Os especialistas denunciam algumas situações «curiosas» ou até mesmo «absurdas» da lei portuguesa do IVA, onde se podem encontrar inúmeras excepções à taxa geral.
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