Tensões entre povos e religiões devem ser evitadas - TVI

Tensões entre povos e religiões devem ser evitadas

Bento XVI falou antes de rezar o Angelus - Foto Lusa

O presidente francês, Jacques Chirac, apelou para que seja evitado «tudo o que encoraje tensões entre povos ou religiões», numa alusão à controvérsia causada por comentários do papa Bento XVI sobre o Islão.

Terça-feira, em Ratisbona, Alemanha, Bento XVI, ao citar um texto medieval que evoca a «jihad» (guerra santa), estabeleceu implicitamente uma relação entre o Islão e a violência.

«Há que evitar tudo o que encoraje tensões entre os povos ou religiões», disse Chirac, quando questionado, em entrevista à rádio «Europe 1», sobre o mal-estar causado pelas palavras do Papa no mundo muçulmano.

Depois de deixar bem claro que não «tinha intenção nem vocação» para comentar as palavras do Pontífice, Chirac considerou, «de forma geral», que «há que evitar toda a confusão entre o Islão, que é uma grande religião respeitada e respeitável, e o islamismo radical, que é uma acção completamente diferente e de natureza política».

O chefe de Estado francês escusou-se a falar do «conflito» e insistiu em que «tudo deve ser feito no âmbito do diálogo de culturas, de civilizações e de religiões para evitar todos os conflitos», pois, em seu entender, «não é da natureza das religiões provocar conflitos».

Nesse sentido, Chirac, que falava horas antes de partir para Nova Iorque onde participará na Assembleia-geral da ONU, adiantou que a «ambição» de França é «participar na recuperação (do clima) de calma», avança a agência «Lusa».

Chirac frisou que a rede terrorista al-Qaida não necessita dos comentários do Papa para proferir ameaças e constatou que «o terrorismo é uma realidade do mundo contemporâneo, que é preciso solucionar, e contra o qual há que lutar com muita energia, muita eficácia e solidariedade».

Depois dos protestos de vários países muçulmanos, Bento XVI disse domingo que estar «vivamente entristecido» pelas reacções suscitadas pelas suas declarações sobre o Islão «que não exprimiam de forma alguma (o seu) pensamento pessoal».

O Papa, que se exprimia pela primeira vez publicamente sobre esta controvérsia, a mais grave desde o início do seu pontificado a 19 de Abril de 2005, não apresentou, no entanto, formalmente desculpas, como tinha sido reclamado pelo mundo muçulmano.

«Estou vivamente entristecido pelas reacções suscitadas por uma breve passagem do meu discurso (...) considerado ofensivo para a sensibilidade dos crentes muçulmanos, já que se tratava de uma citação de um texto medieval que não exprime de forma alguma o meu pensamento pessoal», declarou o papa.
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