Muitas agências e transportadoras aéreas não apresentam «o preço total das viagens de forma clara», publicitando apenas a tarifa-base e ocultando «muitas taxas», o que poderá configurar «publicidade enganosa», denunciou hoje a DECO.
Um estudo da responsabilidade da associação de defesa do consumidor DECO - a ser publicado na revista «Dinheiro e Direitos» de Maio, mas hoje facultado à Agência Lusa - indica, também, que em muitos casos as agências e companhias aéreas transmitem a ideia de que as viagens terão «um custo longe do real».
Estas são as principais conclusões de uma investigação realizada pela Deco a 20 fornecedores de viagens, em colaboração com associações de consumidores de Espanha, Itália e Bélgica.
O estudo demonstrou que se verifica «a mesma tendência lá fora», segundo a Deco.
Os 20 fornecedores de viagens em causa são as companhias aéreas Ibéria, Alitalia, Portugália Airlines, TAP, SN Brussels Airlines, Vueling, Virgin Express, Ryanair, German Wings, Monarch, JetOnly, Thomas Cook Airlines e Air Luxor, e as agências de viagens Travelprice, Nouvells Frontiéres, Netviagens, Exit, Destinos, Geotur e Wegolo.
Em Novembro de 2005, a Deco simulou a compra de viagens de ida e volta, com partida de Lisboa e chegada a Milão, Barcelona e Bruxelas. No caso de a transportadora ou agência não ter estas ligações, a associação optou por outros voos, como Porto/Londres/Porto, Lisboa/Colónia/Lisboa ou Faro/Bruxelas/Faro.
O objectivo foi analisar a indicação dos preços e o peso de taxas e suplementos no custo final, tendo a Internet sido o meio utilizado para as pesquisas.
«As entidades pesquisadas não foram contactadas nem informadas da realização do estudo», disse à Agência Lusa uma fonte da Deco.
Segundo a revista da Deco, o consumidor, ao pesquisar a viagem que pretende em várias agências e operadores, «raramente tem acesso imediato ao custo total».
«Depois de somados as taxas e outros encargos, é surpreendido com um valor bastante superior ao que previa pagar. Esta diferença é ainda mais notória nos voos de baixo custo», realça a Deco.
«Uma viagem anunciada por 112 euros pode sofrer um aumento superior a 60%, custando, na verdade, 182 euros. É o caso de um bilhete de avião com partida de Lisboa para Bruxelas, ida e volta, pela Virgin-Express», denuncia a associação de defesa do consumidor.
Para a Deco, «não é admissível que os fornecedores de viagens cobrem as mais diversas taxas e sobretaxas e estas variem sem critério».
«Para agravar o cenário», segundo a Deco, muitos operadores «não discriminam os encargos» ou «quando o fazem utilizam expressões (Ó) que pouco ou nada ajudam».
«O consumidor deve ter uma ideia das taxas que o espera», como de aeroporto e de segurança, reclama a Deco, que defende» a necessidade de se regulamentar as taxas».
Segundo a Deco, cujo estudo permitiu verificar que «a um preço- base mais baixo nem sempre corresponde uma viagem mais barata», «o consumidor deve ter acesso a toda a informação necessária para comparar as ofertas dos vários operadores e tomar a opção mais adequada».
Face às conclusões do estudo, a Deco já alertou o Instituto do Consumidor para «analisar casos de eventual publicidade enganosa e actuar em conformidade, punindo as transportadoras aéreas e agências que violem a lei».
As conclusões do estudo foram também enviadas ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e ao secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, bem como à Comissão e ao Parlamento Europeus, tendo em conta que «o panorama repete-se nos restantes países» alvo do estudo.
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Viagens: DECO lança alerta
- Redação
- Lusa/BP
- 18 abr 2006, 19:02
![Aeroporto](https://img.iol.pt/image/id/169033/1024.jpg)
DECO alerta que os anúncios das viagens aéreas apresentam indícios de publicidade enganosa.
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