Sócrates com ampla maioria no partido promete reformar o país - TVI

Sócrates com ampla maioria no partido promete reformar o país

Líder socialista anuncia «estados gerais» em novo formato

José Sócrates saiu do congresso do PS com uma maioria superior a 80% na Comissão Nacional do partido e a prometer liderar um movimento de reforma em Portugal, denominado "Novas fronteiras".

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Na sua intervenção no encerramento do congresso, Sócrates voltou a fazer críticas duras à "descoordenação" do Governo e propôs encabeçar um movimento de alternativa política que transcenderá as fronteiras do PS, a exemplo dos "Estados Gerais" de António Guterres, entre 1993 e 1995.

O novo líder socialista adiantou que o movimento "Novas fronteiras" arrancará no próximo dia 29 de Janeiro e será a base para trazer "o PS de volta ao país".

Nas eleições de hoje, a candidatura de José Sócrates conseguiu um resultado superior na votação da sua moção, intitulada "Esquerda moderna" - cerca de 86,9% -, do que para a Comissão Nacional do partido, o órgão máximo entre congressos, em que a sua lista obteve 81,74%, contra 18,26% da lista de Manuel Alegre.

Num total de 250 membros, a candidatura de José Sócrates elegeu 204, dos quais 61 são mulheres, o que fica aquém da quota de um terço prevista pelos estatutos do PS.

A nova Comissão Nacional do PS reúne-se no próximo sábado para eleger a Comissão Política - o órgão executivo mais amplo do partido e que é constituído por 65 elementos.

Por sua vez, no mesmo sábado, a Comissão Política elegerá os 11 elementos do Secretariado Nacional, que é o órgão de direcção dos socialistas.

Ainda em relação ao processo para a eleição da Comissão Nacional, a formação da lista de José Sócrates ficou marcada pela exclusão de última hora dos dois principais protagonistas dos incidentes na Lota de Matosinhos, Narciso Miranda e Manuel Seabra.

Na sexta-feira, Seabra e Narciso estavam incluídos nos lugares efectivos da lista de Sócrates, mas, segundo o líder socialista, os dois dirigentes do PS de Matosinhos pediram para sair, decisão que disse ter-lhe agradado.

Durante os três dias do congresso, o líder parlamentar do PS, António José Seguro, que esteve equidistante na corrida à liderança dos socialistas (entre Sócrates, Alegre e João Soares), manteve-se em silêncio.

António José Seguro, que o grupo de Alegre desafiou a candidatar-se à liderança do partido, viu esta semana renovada a sua confiança política no cargo de presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Após uma intervenção de abertura, na sexta-feira, em que José Sócrates atacou a legitimidade política do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, e assegurou respeitar a pluralidade interna no PS, a polémica surgiu no segundo dia do congresso entre Jaime Gama (apoiante de Sócrates) e Manuel Alegre.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros apresentou a moção do líder do partido, contestando a possibilidade de o PS fazer entendimentos com o PCP e com o Bloco de Esquerda depois das eleições legislativas de 2006, mesmo em caso de maioria relativa.

A posição de Gama foi de imediato contestada por Alegre, seguindo-se várias horas de discussão entre vários membros das duas candidaturas.

Dirigentes socialistas que apoiaram Sócrates, como Jorge Coelho, António Costa e Sérgio Sousa Pinto, sublinharam as diferenças entre o PS e as restantes forças de esquerda (sobretudo o PCP) em matéria de Europa e também ao nível do poder local.

Sérgio Sousa Pinto encerrou o debate a afirmar que o PS só em caso de bloqueio político tentará um entendimento com as forças políticas à sua esquerda.

Almeida Santos, presidente do PS desde 1992, foi reeleito no congresso sem oposição, adiantando que fará neste cargo o seu último mandato de dois anos.
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