Brasil: 694 pessoas mortas em seis meses

Polícias civis e militares mataram 694 pessoas em confrontos no Rio de Janeiro durante o primeiro semestre deste ano, informou esta sexta-feira o Instituto de Segurança Pública do Estado, escreve a Lusa.

Houve um aumento de 33,5 por cento no total de pessoas mortas por polícias em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Somente na última quarta-feira, 14 pessoas foram mortas durante uma operação policial num complexo de favelas na zona Oeste do Rio de Janeiro. Doze das vítimas mortais eram alegados traficantes, um era polícia e outro uma criança de quatro anos.

Um grupo de 31 entidades ligadas a movimentos sociais e de direitos humanos, entre elas a organização não-governamental Justiça Global e a Ordem dos Advogados do Brasil - secção do Rio de Janeiro, acusa o governador Sérgio Cabral de dar «carta branca para as incursões de extermínio da polícia».

Num comunicado, as organizações dizem que o principal foco da polícia é a «execução» e exigem o fim do que consideram «política do confronto que criminaliza a pobreza».

O secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje à Lusa que a política de segurança «não é a da violência», mas que muitas vezes as forças policiais são recebidas com disparos de armas pesadas quando vão cumprir mandados de busca, prisão e apreensão.

Segundo o secretário, grande parte do armamento usado pelos criminosos no Rio de Janeiro é de uso exclusivo do exército.

«Infelizmente, devido a décadas de abandono social, aliado à ausência de um planeamento sério no sector de segurança, a solução para o cenário actual é dura. Entretanto, é necessária porque, se não for aplicada, o futuro será ainda mais sombrio», afirmou.