Alunos «apanhados» entre reformas - TVI

Alunos «apanhados» entre reformas

  • Portugal Diário
  • Maria João Fernandes
  • 28 fev 2007, 19:51
Alunos exigem uma «escola melhor» (Foto Maria João Fernandes)

Estudantes queixam-se de nova reforma do secundário e exigem soluções

Alunos que foram «apanhados» entre reformas do ensino secundário fizeram parte da manifestação de estudantes que ocorreu esta quarta-feira, em Lisboa, frente ao Ministério da Educação. Queixam-se de verem dificultada a entrada no ensino superior porque as provas específicas e as disciplinas que fizeram já não se aplicam actualmente.

Os alunos residuais foram abrangidos pelos planos de estudo previstos no decreto de lei de 1989, e por reprovação, mudança de área ou melhoria de disciplinas permanecem ainda no secundário, já depois de ter sido aprovado um novo despacho, que data de 2004. No entanto, este documento mais recente tem novos planos de estudo diferentes dos definidos no anterior.

Assim sendo, os alunos abrangidos pelo despacho de 1989 têm agora que fazer exames de equivalência à frequência de disciplinas que não possuem exames nacionais, com matérias que nunca estudaram.

«Sentimo-nos discriminados», refere Marta Monteiro ao PortugalDiário, aluna do 12º ano da escola Secundária do Restelo, que repetiu o ano para melhoria de notas. Ainda abrangida pelo despacho de 1989, tem de fazer apenas um exame específico para ingresso à universidade, enquanto os alunos abrangidos pelo novo despacho «têm mais facilidades de acesso pois fazem dois exames».

«Vou ter de estudar uma matéria completamente desconhecida»

Também Maria Pêgo, ex-aluna do curso de medicina numa faculdade alemã, tem de enfrentar as consequências de ter sido abrangida pelo primeiro despacho.

A estudante desistiu do curso após dois anos e voltou para Portugal para ingressar em enfermagem, mas só esta terça-feira foi avisada de que a disciplina específica a que vai ter de realizar exame não é a mesma que teve de estudar no ano em que ingressou para a universidade de medicina.

O exame de biologia e química que Maria realizou há dois anos já não existe na nova reforma, e a estudante vê-se agora a braços com o dilema de estudar «uma matéria completamente desconhecida».

A disciplina deixou de ter exame nacional

Tiago Carvalheiro é um caso típico do problema dos alunos residuais: ingressou este ano num curso superior que não era a sua primeira opção com a nota da disciplina específica de história de arte. Decidiu mudar de curso este ano. No entanto, esta cadeira deixou de ter exame nacional, sendo substituída na nova reforma por história da cultura e das artes.

A nota que contará para ingresso ao superior é a nota do exame do ano transacto, a qual não está sujeita a melhoria porque o exame nacional dessa disciplina já não existe e a nova disciplina tem um currículo diferente, o que deixou o estudante numa situação difícil de resolver.

Situação «estagnada» e «sem perspectivas»

Até ao momento, a situação dos alunos residuais continua «estagnada» e «sem perspectivas», uma vez que a ministra da Educação não decidiu dar seguimento ao plano de transição criado para estes alunos e que estava previsto até ao ano de 2008-2009, tendo dado o processo por terminado neste ano lectivo de 2006-2007.

O PortugalDiário tentou apurar junto do Ministério da Educação o que está a ser feito para resolver o problema destes estudantes, mas até ao momento da publicação não recebeu resposta.
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