Sharron Prior tinha 16 anos quando desapareceu a 29 de março de 1975 num subúrbio de Montreal, no Canadá. A jovem saiu de casa para se encontrar com uns amigos numa pizaria perto de casa, no bairro de Pointe-St-Charles, e não regressou a casa.
O corpo viria a ser encontrado, três dias depois, numa área arborizada em Longueuil, na costa sul de Montreal, com sinais de violação. Mas, ao longo de 48 anos, a polícia do Quebeque não conseguiu encontrar resposta para o crime. Até agora.
A polícia canadiana afirma ter encontrado o responsável pelo homicídio: Franklin Maywood Romine, um homem da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, que morreu há mais de 40 anos, cujo ADN foi encontrado no local do crime.
Segundo a The Canadian Press, as autoridades investigaram mais de cem pessoas, mas nunca efetuaram detenções, tendo chegado ao nome de Romine no ano passado. Quando a polícia de Longueuil acedeu aos registos criminais do suspeito, encontrou um extenso historial de violência e de tentativas de Romine para fugir à polícia, deslocando-se entre a Virgínia Ocidental e o Canadá.
Franklin Maywood Romine chegou, inclusive, a tentar fugir da prisão em 1964, feito que conseguiu em 1967.
Em 1975, na Virgínia Ocidental, Romine foi preso depois de ter invadido uma casa em Parkersburg e ter violado uma mulher. Depois de ter pago a fiança de 2.500 dólares, fugiu para o Canadá, onde acabou por violar Sharron Prior. Viria a ser capturado meses depois por agentes de fronteira e extraditado para a Virgínia Ocidental, onde foi condenado pelo caso Parkersburg.
ADN em Montreal
Condenado pelo caso de violação na Virgínia Ocidental, Franklin Maywood Romine escapou ileso do crime que vitimou Sharron Prior. A mãe da jovem, Yvonne Prior, atualmente com 80 anos, ainda vive no Canadá e passou a vida à procura do assassino da filha.
Em conferência de imprensa, Pierre Duquette, inspetor-chefe da Divisão de Crimes Graves da polícia de Longueuil revelou que Romine foi identificado graças a um avanço científico no domínio da genealogia genética.
Segundo Duquette, os testes biológicos confirmaram a 100% que Romine era o homicida que a polícia procurava. A confirmação foi possível depois de o corpo do suspeito, que morreu em 1982, aos 36 anos, em Montreal, em circunstâncias misteriosas, ter sido exumado no início de março.
As autoridades revelaram que o ADN tinha sido recolhido das roupas de Sharron e de uma camisola utilizada para a imobilizar, mas que, até há pouco tempo, nunca foi suficiente para análise.
No entanto, os avanços na tecnologia permitiram à polícia obter um exemplar amplificado do ADN, suficiente para o comparar com amostras da base de dados que contém milhares de perfis de pessoas identificadas pelos seus apelidos. Foi através dessa base de dados que a polícia conseguiu chegar ao nome de família Romine.
A polícia analisou então o ADN do cromossoma Y, que é transmitido de forma quase inalterada de pai para filho, para conseguir identificar a linha familiar, e conseguiu chegar a quatro irmãos da Virgínia Ocidental e posteriormente à identificação de Franklin Maywood Romine.
No entanto, como Franklin já morreu, a polícia de Longueuil afirma que a confirmação da sua identidade encerra este caso e não dará origem a qualquer acusação.
Presente na conferência de imprensa, a família agradeceu à polícia - de ambos os lados da fronteira - o "milagre da ciência" que os levou ao homicida.
“A resolução do caso de Sharron nunca vai trazer a Sharron de volta. Mas saber que o homicida dela já não está vivo e não voltará a matar, de alguma forma, dá-nos segurança”, afirmou Doreen, irmã de Sharoon.