48 anos depois, polícia resolve caso de violação e homicídio de adolescente graças a amostra de ADN - TVI

48 anos depois, polícia resolve caso de violação e homicídio de adolescente graças a amostra de ADN

  • CNN Portugal
  • AM
  • 24 mai 2023, 14:53
Sharron Prior (Facebook)

Avanço científico no domínio da genealogia genética permitiu identificar homicida do caso através de uma amostra de ADN recolhida das roupas da vítima na altura do crime. Corpo do suspeito foi exumado e identidade confirmada. Família já agradeceu "milagre da ciência"

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Sharron Prior tinha 16 anos quando desapareceu a 29 de março de 1975 num subúrbio de Montreal, no Canadá. A jovem saiu de casa para se encontrar com uns amigos numa pizaria perto de casa, no bairro de Pointe-St-Charles, e não regressou a casa.

O corpo viria a ser encontrado, três dias depois, numa área arborizada em Longueuil, na costa sul de Montreal, com sinais de violação. Mas, ao longo de 48 anos, a polícia do Quebeque não conseguiu encontrar resposta para o crime. Até agora.

A polícia canadiana afirma ter encontrado o responsável pelo homicídio: Franklin Maywood Romine, um homem da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, que morreu há mais de 40 anos, cujo ADN foi encontrado no local do crime.

Segundo a The Canadian Press, as autoridades investigaram mais de cem pessoas, mas nunca efetuaram detenções, tendo chegado ao nome de Romine no ano passado. Quando a polícia de Longueuil acedeu aos registos criminais do suspeito, encontrou um extenso historial de violência e de tentativas de Romine para fugir à polícia, deslocando-se entre a Virgínia Ocidental e o Canadá.

Franklin Maywood Romine chegou, inclusive, a tentar fugir da prisão em 1964, feito que conseguiu em 1967. 

Em 1975, na Virgínia Ocidental, Romine foi preso depois de ter invadido uma casa em Parkersburg e ter violado uma mulher. Depois de ter pago a fiança de 2.500 dólares, fugiu para o Canadá, onde acabou por violar Sharron Prior. Viria a ser capturado meses depois por agentes de fronteira e extraditado para a Virgínia Ocidental, onde foi condenado pelo caso Parkersburg.

ADN em Montreal

Condenado pelo caso de violação na Virgínia Ocidental, Franklin Maywood Romine escapou ileso do crime que vitimou Sharron Prior. A mãe da jovem, Yvonne Prior, atualmente com 80 anos, ainda vive no Canadá e passou a vida à procura do assassino da filha.

Em conferência de imprensa, Pierre Duquette, inspetor-chefe da Divisão de Crimes Graves da polícia de Longueuil revelou que Romine foi identificado graças a um avanço científico no domínio da genealogia genética.

Segundo Duquette, os testes biológicos confirmaram a 100% que Romine era o homicida que a polícia procurava. A confirmação foi possível depois de o corpo do suspeito, que morreu em 1982, aos 36 anos, em Montreal, em circunstâncias misteriosas, ter sido exumado no início de março.

Franklin Maywood Romine (Imagem divulgada pela polícia de Longueuil)

As autoridades revelaram que o ADN tinha sido recolhido das roupas de Sharron e de uma camisola utilizada para a imobilizar, mas que, até há pouco tempo, nunca foi suficiente para análise. 

No entanto, os avanços na tecnologia permitiram à polícia obter um exemplar amplificado do ADN, suficiente para o comparar com amostras da base de dados que contém milhares de perfis de pessoas identificadas pelos seus apelidos. Foi através dessa base de dados que a polícia conseguiu chegar ao nome de família Romine.

A polícia analisou então o ADN do cromossoma Y, que é transmitido de forma quase inalterada de pai para filho, para conseguir identificar a linha familiar, e conseguiu chegar a quatro irmãos da Virgínia Ocidental e posteriormente à identificação de Franklin Maywood Romine.

No entanto, como Franklin já morreu, a polícia de Longueuil afirma que a confirmação da sua identidade encerra este caso e não dará origem a qualquer acusação. 

Presente na conferência de imprensa, a família agradeceu à polícia - de ambos os lados da fronteira - o "milagre da ciência" que os levou ao homicida.
“A resolução do caso de Sharron nunca vai trazer a Sharron de volta. Mas saber que o homicida dela já não está vivo e não voltará a matar, de alguma forma, dá-nos segurança”, afirmou Doreen, irmã de Sharoon.

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