Médicos criticados sobre posição em referendo - TVI

Médicos criticados sobre posição em referendo

  • Portugal Diário
  • 2 fev 2007, 17:30

«Pai» de bebé proveta português lamenta participação de médicos

Relacionados
O especialista em infertilidade António Pereira Coelho lamentou, esta sexta-feira, que os clínicos que têm participado na discussão pública relativamente ao referendo sobre a despenalização do aborto o façam «mais como cidadãos que defendem uma posição, do que como médicos», informa a agência Lusa.

O médico responsável pelo nascimento do primeiro bebé proveta português, que participou hoje no colóquio organizado pela Ordem dos Médicos, em Lisboa, subordinado ao tema «Quando começa a vida humana», salientou ainda aos jornalistas que «não gostaria nada que um colega influenciasse uma mulher a fazer uma escolha, num sentido ou no outro».

Ao contrário da campanha para o referendo de 1998 sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, a actual conta com a participação de dois movimentos constituídos quase exclusivamente por profissionais de saúde: o «Médicos pela Escolha», a favor do voto «sim», e o «Somos Médicos por isso Não», que defende o voto «não».

«O médico tem a obrigação de apontar todas as implicações da escolha que vai ser feita», mas «espero que não influencie a opção da escolha, porque não estaria a agir correctamente», afirmou António Pereira Coelho.

Na sua intervenção, o especialista em ginecologia e obstetrícia, que exerce na área da procriação medicamente assistida (PMA), deu conta da sua experiência pessoal e profissional de várias décadas para revelar as condições em que tomou decisões sobre a prática da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) e as dúvidas que cada uma delas lhe suscitou.

O especialista concluiu que existem «situações limite que podem levar a circunstâncias em que a solidariedade e a justiça» sejam princípios que acabem por levar o médico a efectuar um aborto e que «não justificam a penalização» do profissional de saúde ou da mulher.

Por isso «sou pelo sim, mas receio que a despenalização leve à banalização do aborto. E nesse sentido sou pelo não».

Aos jornalistas, o médico adiantou posteriormente não ter ainda decidido o sentido do seu voto no dia 11 de Fevereiro.
Continue a ler esta notícia

Relacionados