Violador de Telheiras «liberta» médicos do sigilo - TVI

Violador de Telheiras «liberta» médicos do sigilo

PJ divulga retrato de violador

Henrique Sotero autoriza psiquiatra e psicólogo a contarem o que sabem sobre si

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Henrique Sotero, suspeito de ser o «violador de Telheiras», libertou «do sigilo profissional» o seu psiquiatra, António José Albuquerque, e o psicólogo Paulo Sargento, com quem teve quatro consultas. A informação consta do processo a que o tvi24.pt teve acesso.

A autorização deu entrada no processo a 6 de Abril de 2010, através do advogado responsável pela sua defesa, José António Pereira da Silva, mas foi assinada a 26 de Março pelo arguido.

Questionado pelo tvi24.pt, José António Albuquerque confessa que «desconhecia» a declaração do seu paciente e apesar de considerar «normal» que ele a tenha feito, lembra que não basta «uma parte autorizar» para a outra falar. Em última instância, é o médico que se liberta.

O psiquiatra admite falar em sede de julgamento, «mas apenas em relação ao que considerar pertinente para a descoberta da verdade». Questões que ele considerar serem «do foro íntimo» vão ficar sem resposta.

Paulo sargento, o psicólogo, também afirmou ao tvi24.pt desconhecer a autorização e não quis falar sobre este caso em concrecto. Todavia, explicou que, em sede de julgamento, «com autorização de um paciente» responderá às questões colocadas.

Segundo a acusação, o último crime alegadamente cometido por Henrique Sotero foi a 3 de Novembro de 2009, uma semana depois era abordado pela Polícia Judiciária, na zona de Telheiras. O facto terá assustado o suspeito que, logo em seguida, procurou a ajuda de um psiquiatra e começou a fazer medicação. Mais tarde, já em Janeiro de 2010, deu início a uma terapia com um psicólogo, Paulo Sargento.

Apesar de libertar ambos os especialistas do sigilo profissional, há condições diferentes nas autorizações. Segundo o que consta do processo, o levantamento do sigilo profissional em relação a Paulo Sargento é restrito à confirmação das quatro consultas realizadas pelo arguido, no consultório do clínico.

Já o psiquiatra António José Albuquerque poderá, quando for questionado, revelar o que entender a respeito da saúde mental e perfil psicológico de Henrique Sotero. Tal como relatar tudo o que seu paciente lhe confessou relativamente à sua actividade delituosa.

No dia 9 de Junho de 2010, o Ministério Público respondeu à defesa de Henrique Sotero, argumentando que as diligências sugeridas - audição do psiquiatra e psicólogo, a quem foi autorizado o levantamento do sigilo pelo paciente - são adequadas para a fase de julgamento.

Recorde-se que o alegado «violador de Telheiras» está acusado de 74 crimes, cometidos contra 16 jovens: 14 raparigas e dois rapazes. No entanto, às autoridades confessou mais de 40 abusos e ainda ter começado a sua actividade criminosa no ano de 2005.

Durante o interrogatório à Polícia Judiciária, terá enumerado mesmo várias zonas de Lisboa onde praticou crimes de natureza sexual como Telheiras, Oeiras, Linda-a-Velha, Alfragide, Algés, Olivais e Santa Catarina. Mas foi a sua memória que surpreendeu os agentes que o interrogaram. Recordava-se de várias informações sobre as vítimas como, por exemplo, onde trabalhavam ou estudavam.

Ao magistrado do TIC que lhe realizou o primeiro interrogatório judicial, o suspeito admitiu ainda um crescendo de frequência e agressividade nos crimes.

Ao longo dos anos, Sotero foi aperfeiçoando a forma de abordar as jovens. Passou a seleccionar um tipo físico e idades específicas, a aparência frágil e imaturidade eram factor decisivo. O suspeito também optava por áreas com habitação nova, devido ao tipo de prédios, com portas corta-fogo, que lhe davam mais privacidade.
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