Matou por 10 euros e foi condenado à pena máxima - TVI

Matou por 10 euros e foi condenado à pena máxima

  • Portugal Diário
  • Ruben Medeiros, da Agência Lusa
  • 13 fev 2008, 13:55
Prisão (arquivo)

Açores: homem vai passar 25 anos de prisão por roubo e homicídio

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José Pascoal, 31 anos, matou por dez euros. O crime, cometido em Novembro de 2006 nos arredores de Ponta Delgada, vai levar um servente de pedreiro considerado «trabalhador, honesto e bom» a passar os próximos 25 anos na cadeia.

Depois de condenado à pena máxima continua por se perceber o que levou José a espancar até à morte um vizinho na noite de 19 de Novembro de 2006, pouco depois de ter sido multado pela PSP em 250 euros.

O arguido ouviu quinta-feira a sentença do Tribunal de Ponta Delgada, nos Açores: pena máxima por homicídio e roubo.

Ana Pascoal, a sua mulher, confessou à agência Lusa que «já estava a contar com uma pena pesada» para o crime do marido, que também lhe «desgraçou a vida».

«Nunca desconfiei do que tinha acontecido», disse Ana Pascoal com a voz embargada, acrescentando que, agora, vai ter de educar sozinha os três filhos, com idades entre os dois e os seis anos, e enfrentar alguns olhares acusadores da vizinhança.

Roubou vizinho depois de ter sido multado em 250 euros pela PSP

De acordo com a acusação provada em Tribunal, José Pascoal decidiu roubar a vítima, depois de ter sido multado em 250 euros pela PSP por uma contra-ordenação.

O crime ocorreu na madrugada de 18 para 19 de Novembro de 2006, quando o arguido, acompanhado por um seu sobrinho, convidou a vítima, de 23 anos, para fumar droga, numa canada (um carreiro) na freguesia da Fajã de Cima.

Convencido que a vítima tinha dinheiro, e aproveitando-se do facto de este estar embriagado, Pascoal apertou-lhe o pescoço, fazendo-o desmaiar, e tirou-lhe a carteira. Lá dentro estavam apenas 10 euros.

Depois, atirou a vítima para um pasto junto à canada e decidiu abandonar o local, junto com o sobrinho. Porém, ao ouvirem gemidos voltaram ao pasto. Pascoal pegou então num ferro e deu várias pancadas na cabeça da vítima, matando-o, referiu a acusação em tribunal.

O corpo da vítima só viria a ser encontrado a 27 de Novembro em «adiantado estado de decomposição».

«Crime inglório»

Ana Pascoal, que trabalha num lar de idosos e recebe o ordenado mínimo, garantiu que o marido só lhe contou os factos de um «crime inglório» depois da prisão preventiva, enquanto aguardava julgamento no estabelecimento prisional de Ponta Delgada.

«Perguntei várias vezes se era verdadeira a história do crime, até que ele resolveu contar-me tudo e disse que estava arrependido do que tinha feito», afirmou a mulher, alegando que toda esta situação lhe causa uma «enorme tristeza».

A família Pascoal, de fracos recursos económicos, vive numa casa na freguesia da Fajã de Baixo, onde habitam um total de oito pessoas, entre irmãos, sobrinhos, cunhados e cunhadas e o sogro do homicida.

«Temo que possam fazer mal aos meus filhos»

Segundo disse, desde que a polícia foi a casa pela primeira vez que a vizinhança «lança bocas» e chama as crianças para «falar mal» do pai, o que se torna uma preocupação constante para Ana Pascoal, atendendo também ao facto de os familiares da vítima mortal morarem próximo.

«Temo que possam fazer mal aos meus filhos, por isso já pedi à Segurança Social para ver se me arranja uma casa noutro local», referiu Ana Pascoal, que pretende resguardar o mais possível os filhos de qualquer tipo de discriminação ou ataque.

Para os vizinhos da família Pascoal contactados pela Lusa, a notícia do homicídio foi uma verdadeira surpresa, por considerarem o servente de pedreiro - que mal sabe escrever o próprio nome - «um bom homem, trabalhador e amigo da família».
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