Marchar devagar para mudar rapidamente. Foi com esta ideia que quase uma centena de agricultores partiu de Ovar com destino a Estarreja. Protestam contra o aumento dos combustíveis, entre outras exigências que consideram essenciais para «dar um novo fôlego à agricultura».
Pouco passava das 10.30 da manhã quando a marcha lenta se iniciou. Tractores em fila, trânsito praticamente parado e um silêncio de luto por aquilo que consideram ser a morte lenta da agricultura nacional. «Os nossos problemas agravam-se de dia para dia. A CNA [Confederação Nacional da Agricultura] anda há três anos a pedir uma audiência com o Governo, mas o primeiro-ministro ainda não nos recebeu. É por isso que viemos para a rua», afirmou Albino Silva, presidente da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), ao PortugalDiário.
Jaime Silva assegura: «Sócrates não me desautorizou»
O cortejo foi acompanhado de perto pela GNR, que garantiu a passagem dos manifestantes. 14 quilómetros e mais de uma hora depois, os agricultores chegavam a Estarreja com a população local a aplaudir o protesto. Os tractores concentraram-se no mercado municipal da cidade, onde alguns dos manifestantes pegaram no microfone para discursar. «O Ministro diz que os agricultores estão bem, mas os bolsos dele é que estão bem», «vamos continuar a nossa luta porque aquilo que queremos para a agricultura é muito mais do que isto» foram algumas das frases mais sonantes.
Combustíveis mais baratos e leite mais caro
De seguida, os agricultores deslocaram-se até à Câmara Municipal de Estarreja, onde entregaram uma carta aberta ao presidente José Eduardo de Matos. No documento constavam quatro pontos de protesto e reclamação.
«O preço dos combustíveis, que teve nos últimos tempos um aumento de 60%» e para o qual exigem «o aumento do desconto fiscal para o gasóleo agrícola e a reposição da Ajuda à Electricidade Verde». «A baixa do preço do leite à produção está fixada em cinco cêntimos» pelo que pedem «ao Governo que intervenha junto» das empresas de recolha.
«As Contribuições Mensais dos Agricultores para a Segurança Social são incomportáveis», sendo que muitos deixam de as pagar. Por isso, a ALDA propõe que esses valores sejam reduzidos «por forma a garantir o futuro a todos». «O preço da carne está abaixo do custo de produção», pelo que os agricultores desejam «preços compensadores de forma a garantir o escoamento» e, consequentemente, a redução dos custos.
«Viva a agricultura!
O presidente da Câmara de Estarreja saudou os manifestantes, salientando que ficou «surpreendido» porque não lhe cabe a ele interferir nas negociações com o Governo. José Eduardo de Matos entregou a Albino Silva um projecto para a agricultura da região da responsabilidade da autarquia, entre gritos de «viva a agricultura e os agricultores!»
As polémicas declarações de Jaime Silva não mereceram grandes comentários dos manifestantes. No entanto, no comunicado da ALDA podia ler-se: «Repudiamos as recentes declarações do senhor ministro da Agricultura que, em vez de resolver problemas ainda arranja mais problemas enquanto ataca os agricultores e a CNA de cada vez que vem a público falar».
Agricultores marcham por «um novo fôlego»
- Redação
- Catarina Pereira
- 25 jun 2008, 14:42
Protesto entre Ovar e Estarreja reuniu quase uma centena de veículos. População aplaudiu. Exigências entregues ao Presidente da Câmara
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