«Ficou óbvio que o telefone estava sob escuta» - TVI

«Ficou óbvio que o telefone estava sob escuta»

Livro de Carolina Salgado

Do «amigo da PJ» que ensina a detectar escutas em casa, ao juiz que terá acolhido Pinto da Costa

«(...) Ficou óbvio para nós que o nosso telefone estaria sob escuta. Nem foi preciso que disso nos avisassem os bem informados!». Neste caso estará em causa uma possível violação do segredo de justiça cometida por quem informou os alvos da escuta.

«O advogado punha todas as partes em contacto sem ninguém se arriscar a novo escândalo». A frase tem subjacente o facto de os arguidos do «Apito Dourado» estarem impedidos de contactar entre si ou por interposta pessoa. Neste caso o advogado poderá ter cometido um crime de violação de medida cautelar.

O advogado informou que «uns sujeitos de Lisboa tinham um mandado para fazer buscas em nossa casa, na casa do Reinaldo Teles e na casa do António Araújo». Neste caso, está em causa um eventual crime de violação de segredo de justiça.

«Lembraram-se, então, naquele aperto de telefonar ao juiz desembargador Mortágua, amigo de todos, que também tinha uma casa na zona de Cerveira, para lá deixar pernoitar o Jorge Nuno, pedido a que o senhor juiz logo acedeu». Neste caso poderá estar em causa um crime contra a realização da justiça, concretamente de favorecimento pessoal. Isto, se o juiz estivesse a par dos motivos de Pinto da Costa.

«Tive o desprazer de ouvir o Joaquim Pinheiro, irmão do Reinado Teles, dizer em voz bem alta que, se não fosse ele, «o presidente estava engavetado», fazendo valer a informação preciosa que tinha recebido de um amigo seu da PJ do Porto». Neste caso, está uma vez mais em causa um crime de violação de segredo de justiça.

«Uma pessoa amiga da PJ do Porto» cedeu «uma aparelho que permitia detectar se havia ou não microfones instalados» em casa. Esta situação pode configurar um crime de encobrimento por frustração da actividade probatória.

Agressão ao vereador Ricardo Bexiga. Carolina diz que Pinto da Costa lhe deu 10 mil euros em dinheiro para entregar ao homens que ela contrataria e que viriam a executar a agressão ao alegado denunciante do caso «Apito Dourado».

Neste caso estará em causa um crime de ofensa à integridade física. Carolina e Pinto da Costa seriam os autores morais.

No caso do advogado de Pinto da Costa, que segundo indicia Carolina, estaria a par da agressão e até lhe terá dito no dia seguinte «Oh, minha querida, nas ele ficou a falar!»
, poderá estar em causa um crime de cumplicidade moral em relação às ofensas corporais.

As referências às contas que Pinto da Costa terá no estrangeiro e à suposta «gaveta que estava sempre a abarrotar de dinheiro vivo» servem, de acordo com os juristas ouvidos, como indícios de possíveis «negócios esquisitos» que os investigadores poderão investigar.

O livro «Eu, Carolina» é uma versão dos acontecimentos, escrita por Carolina Salgado. Pinto da Costa, presidente do F.C. Porto, já disse que levará a autora a tribunal.

Leia a primeira parte deste texto: «Tudo o que Carolina denunciou»
Continue a ler esta notícia