Major abriu portas do Governo - TVI

Major abriu portas do Governo

Valentim Loureiro (Arquivo)

Apito Dourado: Ministério Público acusa Valentim Loureiro de meter responsável pela arbitragem em comitiva oficial de Durão Barroso

O antigo presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Pinto de Sousa, é um dos principais visados na acusação que o Ministério Público deduziu no processo Apito Dourado, estando acusado de 26 crimes de corrupção passiva para acto ilícito.

De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário, a acusação refere explicitamente que o arguido Pinto de Sousa queria agradar a Valentim Loureiro porque este lhe abria as portas dos círculos de poder político com os consequentes benefícios que desse acesso lhe advinham, o que também o prestigiava.

Os procuradores referem mesmo que foi o arguido Valentim Loureiro quem, devido à sua influência política, conseguiu que o arguido Pinto de Sousa integrasse, como convidado, a comitiva do primeiro-ministro, Durão Barroso, numa viagem a Moçambique, em finais de Março de 2004, com direito a hotel pago. Refere o documento que essa viagem representou um prestígio e privilégio para Pinto de Sousa e a que não tiveram acesso os restantes empresários que integraram a comitiva.

A actuação de Pinto de Sousa visava, ainda, e de acordo com a acusação, contar com os votos do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Valentim Loureiro, para assegurar a permanência como presidente do Conselho de Arbitragem.

Segundo a acusação, a determinada altura, o presidente do Gondomar Sport Clube, José Luís Oliveira, chegou mesmo a entregar uma lista de árbitros que deveriam ser nomeados para os jogos em que interviesse o seu clube. Quando Pinto de Sousa não acedia, o presidente do Gondomar, ou Valentim Loureiro, telefonavam-lhe a reclamar.

O despacho descreve vários encontros entre o arguido José Luís Oliveira e o presidente do conselho de arbitragem em que aquele lhe pedia intervenção para ver «se as m..... começam a correr um bocado melhor».

A acusação diz ainda que Pinto de Sousa nomeava os árbitros apenas porque lhe eram pedidos pelo arguido José Luís Oliveira e não porque fossem os árbitros mais indicados para arbitrar os jogos em que participava a equipa do Gondomar Sport Clube.

José Luís Oliveira e Valentim Loureiro pretendiam que o Gondomar Sport Clube subisse à II Liga e o arguido Pinto de Sousa sabia dessa pretensão. O presidente do GSC entendia que a equipa era prejudicada nas arbitragens e transmitia essa apreensão ao major Valentim Loureiro.

Refere a despacho que o arguido Valentim Loureiro sabia que ao pressionar Pinto de Sousa a nomear árbitros favoráveis ao GSC, o presidente do Conselho de Arbitragem teria de semanalmente tomar decisões ilegais, situação com a qual o autarca de Gondomar se conformou.
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