Face Oculta: «Nada de novo», diz defesa de Godinho - TVI

Face Oculta: «Nada de novo», diz defesa de Godinho

Segundo dia do julgamento Face Oculta (Lusa/Paulo Novais)

Esta sexta-feira esteve a ser ouvido o inspector da PJ, Rui Carvalho, que está a ser ouvido como testemunha de acusação

O advogado de Manuel Godinho, o principal arguido no caso «Face Oculta», desvalorizou esta sexta-feira o depoimento do inspector da Polícia Judiciária (PJ), Rui Carvalho, que está a ser ouvido como testemunha de acusação, considerando que «não trouxe nada de novo».

«O senhor investigador não acrescenta nada àquilo que consta no processo. Não trouxe novidade nenhuma, nem podia trazer», disse aos jornalistas Artur Marques, à saída da sala de audiências durante a pausa para o almoço.

O advogado classificou ainda como «absolutamente ridículo» a parte do depoimento do inspector em que este se refere a uma conversa telefónica interceptada pela PJ entre Manuel Godinho e Maribel Rodrigues, funcionária do sucateiro e co-arguida no processo.

Segundo o inspector que foi responsável pela investigação, nesta conversa, ocorrida em Fevereiro de 2009, após o almoço em Vinhais entre Manuel Godinho e Armando Vara, o sucateiro teria dito que «tinha medo».

«Se levássemos à letra o depoimento [do inspector da PJ], parece que Manuel Godinho tinha medo de alguma entidade», referiu o causídico, acrescentando que, após ouvir a escuta, se conclui que o sucateiro estava apenas a falar «do medo do tempo e de atravessar o Marão».

«Isso mostrou o ridículo que são as interpretações de determinadas escutas. Acho que o depoimento não tem interesse absolutamente nenhum», afirmou.

O advogado adiantou ainda que os pormenores que foram relatados pelo inspector quanto à forma como Manuel Godinho geria as suas empresas não têm nenhuma importância para o decurso do processo.

«Se a gestão de Manuel Godinho é ou não autocrática, é um problema dele», declarou.

Artur Marques não quis revelar quando é que o seu cliente poderá prestar declarações ao tribunal, já que o mesmo admitiu publicamente que iria falar quando fosse conveniente.

«Decisão minha já há, mas não vos digo, como devem compreender», concluiu.

Desde o passado dia 8 de Novembro, quando começou o julgamento, o tribunal já ouviu quatro arguidos, designadamente o antigo ministro e ex-vice presidente do BCP, Armando Vara, o ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), José Penedos, o ex-quadro da Galp, António Paulo Costa, e o administrador da IDD - Indústria de Desmilitarização e Defesa, José António Contradanças.

Paulo Penedos, filho de José Penedos e co-arguido no processo, também já começou a ser interrogado, mas a audição foi interrompida na passada sexta-feira e não foi ainda retomada devido à ausência do seu advogado Ricardo Sá Fernandes, que também está envolvido no julgamento do rapto agravado do jovem Rui Pedro, a decorrer no tribunal de Lousada.

Dos seis arguidos que manifestaram intenção de prestar declarações nesta fase do processo, falta ainda ouvir o gestor Lopes Barreira, que está a aguardar autorização do hospital de Aveiro para fazer, nesta unidade, o tratamento de hemodiálise, a que o arguido é sujeito três vezes por semana.
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