Bispo de Leiria-Fátima: pedofilia não vai «abafar» visita do Papa - TVI

Bispo de Leiria-Fátima: pedofilia não vai «abafar» visita do Papa

Papa em Malta

D. António Marto admitiu que abusos deixam a Igreja Católica cheia de «vergonha e remorso»

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O bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, rejeita a possibilidade dos casos de pedofilia na Igreja Católica «abafarem» a visita do Papa a Portugal em Maio, mas reconheceu que este é um aspecto «doloroso» na vida da instituição.

«Penso que não vai obnubilar a visita», disse D. António Marto, também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), recordando o que se passou com a viagem de Bento XVI aos Estados Unidos da América, em 2008, «em cima de toda aquela efervescência» relacionada com acusações a membros do clero norte-americano por alegados abusos sexuais.

«O Papa enfrentou com uma frontalidade invulgar, com a clareza de critérios e deixou toda a gente esclarecida e a viagem correu maravilhosamente, ao contrário daquilo que se esperava», disse o bispo à agência Lusa, realçando ainda a «coragem» do chefe de Estado do Vaticano a propósito da carta pastoral que escreveu em Março aos católicos da Irlanda, na sequência de crimes cometidos por sacerdotes contra menores.

No documento, que «vale para toda a Igreja», considerou D. António Marto, constam os critérios para enfrentar «este aspecto doloroso da vida da Igreja».

«Doloroso para todos, principalmente para um bispo e, sobretudo, para um Papa que arca com a responsabilidade global», declarou.

Religiosos «cheios de vergonha pelos casos de pedofilia

«Deixa-nos cheios de vergonha e de remorso por aquilo que aconteceu», acrescentou, enumerando os «critérios claros» que Bento XVI apresentou na carta pastoral, onde se inclui o reconhecimento da verdade dos factos, o apoio às vítimas, a colaboração com as autoridades e a tolerância zero para estas situações.

«Fico chocado, magoado, que um padre traia a confiança que nele se deposita, traia também o seu ministério e viole a dignidade de inocentes, mas fico chocado igualmente que os pais também façam isso aos seus filhos», disse D. António Marto.

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima admitiu, contudo, que a «cultura dominante fica mais chocada em relação aos padres por causa do aspecto sagrado», embora em ambos os casos o assunto deva ser objecto de meditação.
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