Burla pode manchar visita de Dalai Lama a Portugal - TVI

Burla pode manchar visita de Dalai Lama a Portugal

  • Portugal Diário
  • 13 ago 2007, 11:12
Dalai Lama

Casa do Tibete na Madeira acusada de não pagar despesas de viagem

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A visita que o Dalai Lama realiza a Portugal em Setembro poderá ser «maculada» por uma alegada burla numa viagem ao Oriente organizada por um membro da Casa do Tibete na Madeira (CTM), disse hoje Duarte Caíres, um dos dez defraudados.

Duarte Caíres foi uma das pessoas que, ao chegarem ao Bornéu, na Malásia, foram confrontados com a informação de que o organizador, Duarte Bettencourt da Câmara, da CTM, não tinha pago as despesas previstas (transferes, hotéis, viagens internas em cada um dos países do percurso, visitas e refeições).

Face a esta situação, o grupo, depois de ter despendido entre 5.000 e 10.000 euros, foi obrigado a regressar a Portugal após uma longa viagem em trânsito.

A convite da Fundação Kangyur Rinpoché, da Songtsen - Casa da Cultura do Tibete, da União Budista Portuguesa e da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, o Dalai Lama, desloca-se, entre 13 e 16 de Setembro, a Portugal, onde, em Lisboa, participa em duas iniciativas espirituais: «Três Dias de Ensinamentos» («Desenvolver a Paz Interior») e uma conferência Pública («O Poder do Bom Coração»).

«Receio que esta situação protagonizada pelo dr. Duarte Câmara possa macular a deslocação que Sua Santidade, o Dalai Lama, realiza a Portugal em Setembro próximo», disse Duarte Caíres à Agência Lusa.

«É uma nódoa que se repercute no seio de uma causa nobre como a luta do povo tibetano e a cultura budista», acrescenta.

«Note-se - continuou - que Sua Santidade, o Dalai Lama, vem precisamente falar da paz interior e do poder do bom coração, aspectos que parecem ter estado ausentes em Duarte Bettencourt ao nos deixar à nossa mercê, em destinos longínquos, sem uma palavra de informação e mesmo de apoio e conforto, que nos causou grande perturbação, revolta e nos fez sentir feridos na nossa dignidade pela falta de respeito e consideração com que nos brindou».

A resposta dos defraudados

Entretanto, o grupo de viajantes defraudados enviou um mail ao impulsionador da viagem - que até ao momento se mantém incontactável via verbal - dando-lhe a conhecer que aguarda «o reembolso do dinheiro que te foi entregue para a realização da viagem mais as despesas de estadia e regresso a Portugal até ao dia 30 de Agosto de 2007».

«Findo este prazo - diz o mail - iremos apresentar queixa contra ti na Polícia Judiciária e no Ministério Público por crime de burla bem como um pedido de indemnização».

«Passada uma semana sobre o último contacto dele, dizendo que vinha e que procederia ao reembolso, somos levados a crer que, mais uma vez, nos enganou, na medida em que não cumpriu a palavra, a de que vinha a caminho», opina Duarte Caíres, ao justificar o teor do mail enviado ao organizador da viagem.

«Ele continua incontactável, nunca mais enviou mails, nem contactou por telefone», adianta.

«Numa primeira fase, acreditámos que ele tinha entrado em pânico e que ía regressar, mas à medida que o tempo vai passando ganha mais força, entre o grupo, a tese de que fugiu com o dinheiro», opina.

A Casa do Tibete na Madeira - explica o respectivo site -«é uma organização de solidariedade sem fins lucrativos, que tem como objectivo bipartido a divulgação de uma cultura única e milenar e a sensibilização da opinião pública para o drama do povo que a gerou, os tibetanos».

«Assim - prossegue o site - desde 2003 se organizam viagens ao Oriente, com o objectivo de dar a conhecer a situação, in situ».

A Casa dispõe ainda de uma loja cujas receitas são canalizadas para actividades de divulgação da causa tibetana.

Apesar desta aparente vertente «comercial», a CTM, como acentua um dos seus membros, Rui Vieira, «não tem personalidade jurídica, é um grupo informal de amigos que defende a causa tibetana».

«Não temos presidente e Duarte Câmara é um dos nossos membros mais activista, organizava viagens», reconhece.

«Temos que aguardar e esperamos que a normalidade seja reposta, mas só se pode corrigir na medida do possível», diz.
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