“Sei qual é a razão que motiva a meter estes processos, já não é novo. É uma tentativa de amordaçar o associativismo na GNR, qualquer declaração que faça como presidente da maior associação metem-me um processo cada vez que falo, já tive muitos”, disse à Lusa César Nogueira.
De acordo com o mesmo responsável, o processo disciplinar de que foi recentemente notificado aberto pelo Comando-Geral da GNR tem a ver com as suas últimas declarações sobre a não aprovação do estatuto, ao contrário do que aconteceu com a PSP.
“Tem a ver com as últimas declarações sobre a questão da aprovação do estatuto ou melhor não aprovação do estatuto, que teve pressões de oficiais generais das Forças Armadas, neste caso do Exército, para que o estatuto não fosse aprovado, foi dentro dessas declarações que fiz que tive mais um processo, coisa que já não esteja habituado”, sublinhou.
César Nogueira não se mostrou preocupado com o facto de poder ser novamente punido com “mais uns dias de suspensão”, lembrando que já o foi duas vezes e sublinhando que recorrerá da decisão para reverter a situação.
“Represento cerca de oito mil profissionais como presidente da maior associação. Sei que não posso falar no âmbito operacional, nunca o fiz. Isto [processo] tem a ver com questões de não aprovação do estatuto, é logico, o que melindrou mais foi eu ter atacado a fonte do porquê de não ter sido aprovado o estatuto”, explicou César Nogueira.
De acordo com o dirigente sindical, o Comando-Geral "pode originar processos disciplinares quando acha que tem razões para o fazer", mas não fazer “uma perseguição aos dirigentes associativos”.
Para 02 de outubro está marcada uma manifestação dos militares da GNR, junto à porta de casa do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em protesto contra a não aprovação do respetivo estatuto profissional.
Governo aprovou no final de agosto, em Conselho de Ministros, o novo estatuto profissional da PSP, tendo invocado ausência de condições na atual legislatura para concluir e aprovar o novo estatuto da GNR, motivo pelo qual a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) decidiu manter a manifestação para 02 de outubro, apesar de cancelar as ações de protesto durante a campanha eleitoral das legislativas.