Calor: comerciantes queixam-se do falso Outono - TVI

Calor: comerciantes queixam-se do falso Outono

  • Portugal Diário
  • 7 nov 2007, 17:13

Aumento da temperatura nesta época afasta pessoas das compras de Inverno

Relacionados
O Verão tardio, aliado à crise económica, mudou os hábitos outonais dos portugueses. Comerciantes de roupa e vendedores de castanhas queixam-se de uma quebra nas vendas neste falso Outono, escreve a Lusa.

O termómetro ultrapassa muitas vezes os 20 graus, convidando a vestir roupas leves, mas também a consumir produtos frescos e leves.

Cândido Santinhos vende castanhas à entrada de um Centro Comercial em Benfica, Lisboa, e afirma que «as vendas estão más».

«Levo horas esquecidas que não vendo uma dúzia! Este ano é o pior de sempre!»

Mas também as próprias castanhas não têm a qualidade de outros anos, segundo o vendedor «o vento, a chuva e o sol não vieram nas alturas certas, e a castanha vem seca».

Vendedora da loja de roupa Quebramar, Isabel Tomás confirma que o tempo condiciona as compras: «As roupas mais grossas têm tido mais dificuldade em ser escoadas. Há uma quebra de vendas este ano em particular».

Mas as marcas vão-se adaptando aos novos tempos e, para contrariar a baixa de vendas, alteram-se as colecções de Outono/Inverno.

«As colecções são mais leves. Há tendência para usar casacos mais quentes com uma t-shirt por baixo e não tanto as sobreposições excessivas de camisa, camisola e casaco», explica Isabel.

Gerente da loja Pull & Bear, Marli Quintinha concorda: «Tudo o que temos recebido de novo é de meia estação. Há uma evidente alteração nas colecções de Outono/Inverno, a roupa é muito mais fina. Mais quente só para Dezembro».

A gerente da Zara, Isabel Vilelas revela preocupação: «As vendas estão péssimas, como se sabe, por isso temos de adaptar a colecção que recebemos, consoante o tempo que faz».

O gerente da Decénio, David Paquete, afirma que «o calor afecta as vendas da colecção Outono/Inverno, mas nunca estivemos à espera que em Novembro estivesse um calor destes. Este ano, estamos a pôr as peças mais leves na loja. As mais quentes ficam guardadas, por enquanto».

Também às sapatarias chega a crise. As casas de sapatos estão cheias de botas por vender e vazias de pessoas para comprar.

Idalécio Ribeiro, da sapataria Tânia, no Chiado, explica que «as vendas têm decrescido 70 a 80 por cento», culpando o calor e a crise económica.

Na sapataria Presidente, vive-se a mesma indignação. «No ano passado, estava a vender botas com pêlo, hoje chegam a pedir-me chinelos!», conta uma vendedora da loja.

Mesmo numa loja de artigos desportivos, a Ericeira, nota-se uma quebra na área dos artigos de Outono/Inverno: «Como a Ericeira é uma loja direccionada para o desporto, temos a variante da neve e este ano temos notado uma quebra nessa área. Vendem-se mais fatos de surf, porque muita gente ainda vai à praia», conta Filipe.

Outro «truque» usado pelos comerciantes é fazer promoções esporádicas, fichas de cliente ou saldos antecipados.

«Nesta empresa é hábito fazer promoções e fornecer fichas de cliente que proporcionam descontos», explica a vendedora da Throttleman, Susana Pedro.

À ausência do frio do Outono que estimule a compra de roupa quente, junta-se a crise económica e as expectativas dos consumidores destas promoções e saldos.

Isabel Tomás sublinha: «As pessoas não querem investir em peças que não vão usar tão cedo, quando nem têm dinheiro para outras coisas».
Continue a ler esta notícia

Relacionados