Estudantes atacam política educativa do Governo

O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Jorge Serrote, enviou esta sexta-feira uma carta aberta ao Presidente da República e Primeiro-Ministro criticando as políticas educativas do Governo, nomeadamente a insuficiência da acção social no ensino superior.

Em declarações à Agência Lusa, no final da inauguração do Centro Interpretativo da exposição fotográfica «A Crise saiu à rua - Um olhar sobre a Academia de Coimbra em 1969», o líder estudantil afirmou que «há alunos a abandonar o ensino por razões económicas e isso é insustentável, não podemos permitir».

A carta - que seguiu também para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, presidentes da Assembleia da República e do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e partidos políticos com assento parlamentar - insere-se no âmbito das comemorações da Crise Académica de 1969, que hoje foram comemoradas com diversas realizações.

A 17 de Abril de 1969, há precisamente 40 anos, o então presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Alberto Martins, pediu para usar a palavra na inauguração do edifício das Matemáticas, numa sessão que foi abruptamente interrompida sem que usasse da palavra.

Na altura, os estudantes pretendiam reclamar o direito de intervir na vida da Universidade, defendendo a sua autonomia e o acesso democratizado.

«Ao nível da representação dos alunos nos órgãos de gestão da Universidade retrocedemos 40 anos», declarou à Lusa Jorge Serrote, que contesta o novo Regime das Instituições de Ensino Superior, responsável pela redução da representatividade dos estudantes.

Exposição inaugurada no Pátio das Escolas

A exposição «A Crise saiu à rua - Um olhar sobre a Academia de Coimbra em 1969», foi esta sexta-feira inaugurada no Pátio das Escolas, na Alta Universitário, com fotografias da época, bem como os núcleos expositivos do Largo D. Dinis e Sala 17 de Abril na Universidade de Coimbra.

Quinze locais da cidade vão recordar os principais momentos da Crise Académica de 1969 que se transformou num dos pontos mais altos de contestação ao antigo regime, no âmbito de uma parceria entre a empresa municipal Turismo de Coimbra e a Direcção-Geral da AAC.



As exposições de fotografias vão estar patentes em vários locais da cidade, desde a Via Latina, Largo D. Dinis e a Sala 17 de Abril, até ao Largo da Portagem, passando pela Praça da República, antiga sede da PIDE/DGS, edifício da Associação Académica de Coimbra, Sá da Bandeira e Baixa.