Imigrantes sentem-se discriminados nos media - TVI

Imigrantes sentem-se discriminados nos media

Imigrantes em fila de espera à porta do SEF

Sentem que só se fala dos aspectos negativos da imigração, mas «quando algum membro da sua comunidade se destaca pela positiva, torna-se automaticamente português»

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Os imigrantes consideram que os meios de comunicação social só tratam os aspectos negativos, como crimes e desastres, e raramente os aspectos positivos da imigração, de acordo com um estudo que será divulgado esta sexta-feira, antecipado pela agência Lusa.

Os imigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) são, de acordo com o «Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social» a que a Lusa teve acesso, os que se sentem mais discriminados na televisão, tanto na informação como na programação em geral.

Estes imigrantes defendem ainda que «quando algum membro da sua comunidade se destaca pela positiva, torna-se automaticamente português».

Língua e cultura fazem-nos sentir «em casa»

Já os imigrantes brasileiros são os que se sentem mais «em casa», por ouvirem em Portugal muita música brasileira e verem telenovelas do seu país de origem.

No caso da informação, a situação é mais «complexa», com muitos sinais de discriminação, sobretudo em relação às mulheres.

Os brasileiros que vivem em Portugal sustentam que o Brasil só surge nos noticiários «pelas piores razões».

Os imigrantes do Leste da Europa são os que mais dificuldades têm em aceder aos meios de comunicação social por não dominarem a língua. Muitos utilizam a televisão como instrumento de aprendizagem do português, bem como para obterem informação sobre Portugal.

O estudo demonstra ainda que a televisão é o meio com mais impacto junto dos imigrantes, e é considerado a maior fonte de informação. A quase totalidade dos inquiridos tem um televisor e cerca de 85 por cento assiste diariamente a programação.

A rádio é o media com menor impacto junto destas populações, os imigrantes que o utilizam fazem-no para «passar o tempo».

A Internet vem no estudo em segundo lugar como meio de informação e de educação.

Respostas politicamente correctas

Os imigrantes começaram por ser inquiridos no meio de uma sondagem nacional realizada em Julho e Setembro de 2007, mas, explicou o coordenador geral do estudo à Lusa, «as respostas confundiam-se com a da maioria dos inquiridos».

«Isto tem a ver com definição de imigrante ¿ remete-se para categoria quem nasceu fora de Portugal, mas há quem tenha vindo com três anos e tenha crescido cá. Por outro lado, os imigrantes ao responderem à sondagem procuram identificar-se com o que julgam ser respostas politicamente correctas, porque há uma vontade de inserção social grande», referiu José Rebelo.

«Se ficássemos apenas com as respostas das sondagens teríamos uma representação dos imigrantes extremamente rudimentar, daí a necessidade de recorrer a outra metodologia, dos grupos de foco», disse.

Com a ajuda de Organizações Não Governamentais (ONG), «que trabalham em meio imigrante», foram constituídos dez grupos de foco. As ONG organizaram várias reuniões com os grupos em que se debatiam as questões colocadas no estudo.

«Encontrámos capacidade crítica e vontade de acusação e de denúncia manifesta», afirmou José Rebelo.

O «Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social» é divulgado esta sexta-feira durante a II conferência anual da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, em Lisboa.
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