Portugal regista esta sexta-feira mais 553 casos de Covid-19 e mais nove mortes. Apesar da descida no número diário de óbitos, o número de casos novos de infeção ultrapassa os 500 pelo segundo dia consecutivo, números que a Direção-Geral da Saúde recusa para já atribuir ao início do desconfinamento.
Segundo a diretora-geral Graça Freitas, a realização de rastreios a populações específicas na área de Lisboa e Vale do Tejo e o surto de Covid-19 na Azambuja podem explicar a subida dos números. A responsável falava na conferência de imprensa após a divulgação do relatório epidemiológico desta sexta-feira da pandemia de Covid-19 em Portugal.
Questionada também sobre o aumento do número de casos em Lisboa e Vale do Tejo, Graça Freitas explicou que a região está a fazer, em média, 4000 testes à Covid-19 por dia, nomeadamente rastreios em populações específicas como funcionários de lares de idosos ou profissionais de saúde, pelo que é natural que sejam detetados casos, ainda que muitos deles "assintomáticos, que vão evoluir provavelmente bem", explicou. A diretora-geral da Saúde chamou ainda a atenção para o surto de Covid-19 detetado na Azambuja: na mesma empresa já foram detetados 101 casos da doença.
O secretário de Estado António Lacerda Sales, por sua vez, informou que a taxa de letalidade global da pandemia de Covid-19 em Portugal é de 4,1%, subindo para 15% nos doentes com mais de 70 anos.
A epidemia não acabou, desconfinar não é abrandar. Regresso aos fluxos das nossas vidas não pode e não deve por em causa o caminho que foi feito até aqui com grande sacrífico pessoal de todos os portugueses”, disse António Lacerda Sales.
O secretário de Estado ressalvou que “nunca é de mais relembrar” que o sucesso “depende de todos e de cada um” e da “capacidade de respeitar o outro e as regras que se aplicam a todos”.
O governante avançou também que foram realizados mais de meio milhão de testes de diagnóstico de Covid-19 em Portugal, tendo sido feitos em abril uma média de cerca de 11.500 por dia.
De 1 a 6 de maio a média foi de mais 12.400 testes por dia, pelo que se mantém a tendência do aumento de testagem”, frisou.
Lacerda Sales referiu ainda que "as populações mais vulneráveis têm sido uma preocupação constante do Governo", tendo sido publicada uma orientação técnica para migrantes e refugiados que flexibiliza procedimentos para a obtenção do número de utente, "de forma a garantir que ninguém fica sem acesso ao SNS".
Temos uma responsabilidade acrescida para com quem mais precisa, esta é a génese do SNS", sublinhou Lacerda Sales.
Segundo o secretário de Estado, o documento incentiva o recurso a mediadores interculturais e de linhas telefónicas de tradução, nomeadamente através da linha de apoio a migrantes (808 257 257) do Alto Comissariado para as Migrações, nos casos em que há barreiras linguísticas.
No contexto pandémico, as medidas de confinamento, autoisolamento e de distanciamento social são altamente exigentes para estas populações, por isso esta orientação reforça a implementação de planos de contingência que permita o alojamento, alimentação e higiene e saúde dos seus utilizadores em estrito cumprimento das medidas de precaução, nomeadamente através de parcerias com as comunidades e associações de migrantes e de comunidade ciganas”, precisou.
Questionado sobre o exemplo dos deputados com máscaras na Assembleia da República, que constantemente as retiraram e colocaram em cima das bancadas, o secretário de Estado escusou-se a comentar as decisões de um órgão de soberania mas assinalou que estamos todos numa situação de "aprendizagem permanente". Lacerda Sales referiu ainda que é prematuro dar informações sobre a retoma da atividade assistencial no SNS, referindo que as informações disponíveis até ao momento indicam que "está a decorrer a bom ritmo":
Sobre o funcionamento da linha telefónica SNS 24, o secretário de Estado referiu que, na quinta-feira, recebeu 6.742 chamadas e atendeu 5.432, sendo o tempo médio de espera de 44 segundos.
Há uma normalização desta linha o que é um bom indicador de uma retoma de confiança”, precisou.
"Onde há relaxamento surgem focos da doença"
Falando sobre as regras publicadas esta sexta-feira para a reabertura dos restaurantes, a diretora-geral da Saúde referiu que as normas "responsabilizam todos", quer os que devem aplicá-las quer aqueles que deverão cumpri-las. "As respostas têm de ser coletivas", frisou.
As normas são boas práticas para serem observadas por todas as pessoas e temos de ter confiança na auto-responsabilização dos portugueses, não se pode relaxar as medidas, sabemos que nos sítios onde há relaxamento das medidas de prevenção e controlo surgem focos da doença", disse ainda Graça Freitas.
Questionada sobre a norma da DGS em vigor que aconselha a que as grávidas infetadas com Covid-19 não amamentem os filhos nem haja contacto pele com pele, Graça Freitas afirmou que o documento vai ser revisto "o mais brevemente possível" com informações atualizadas para seguimento na gravidez e parto em tempo de pandemia.