Portugal apresenta atualmente o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 “mais baixo da Europa”, com um valor estimado para os últimos cinco dias de 0,74 para o território nacional, revelou esta segunda-feira o investigador Baltazar Nunes.
Continuamos a apresentar o Rt mais baixo da Europa e com uma incidência já perto dos 120 [novos casos] por 100 mil habitantes”, afirmou o epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) na reunião realizada no Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas e políticos para a análise e avaliação da situação epidemiológica do país.
Contudo, Baltazar Nunes, que integra o grupo de peritos que presta apoio ao Governo na tomada de decisões no âmbito da pandemia de covid-19, sublinhou que a “tendência de decréscimo [da incidência] tem vindo a desacelerar” e alertou que o índice de transmissibilidade está “abaixo de 1 em todo o continente, mas superior a 1 nas regiões autónomas” da Madeira e dos Açores.
O valor mais baixo foi registado a 10 de fevereiro. Desde então que o Rt tem vindo a subir ligeiramente.
141 casos por 100 mil habitantes
Portugal mantém a tendência de descida de novos casos de covid-19, tendo agora, de acordo com os últimos dados registados no domingo, uma média nacional de 141 casos por 100 mil habitantes.
André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), disse que "o país continua com uma tendência decrescente", apesar da variação de alguns concelhos. O especialista esclareceu também que o número de casos está a descer em todas as idades, continuando o grupo etário com 80 ou mais anos com a “incidência mais alta” e o grupo dos 60, 70 e 70, 80 continuam a ter uma incidência menor e são dos grupos mais protegidos.
Segundo o investigador, a região de Lisboa e Vale do Tejo, algumas partes da região centro e da região do Alentejo continuam com incidências superiores a 120 casos por 100 mil habitantes.
Quando observamos a variação da incidência de forma geral o país continua com uma tendência decrescente, uma variação de incidência negativa, apesar de alguns municípios esporadicamente terem variações positivas da incidência, mas dispersos um pouco por todo o território, mais no interior, mas comum número reduzido”, salientou.
56 mortos por milhão de habitantes
Relativamente aos óbitos, Portugal regista agora uma média nacional de 56 mortos por milhão de habitantes, sendo semelhante à terceira semana de outubro.
Em termos de evolução dos internamentos e internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos mantém-se a tendência de descida com 354 casos em unidade de cuidados intensivos semelhante à primeira semana de novembro.
O internamento em enfermaria é em maior número no grupo etário dos 80 mais, seguido dos 70, 79, 60, 69 e vai decrescendo à medida que a idade também diminui.
Nos internamentos em cuidados intensivos o padrão é diferente e o grupo etário com maior número de casos é o dos 60 aos 69, o que André Peralta considerou “particularmente relevante”, porque à medida que se for vacinando a população de 80 a mais, terá “grande impacto na mortalidade”.
Para termos impacto na redução da utilização de cuidados intensivos teremos que aguardar até que a vacinação se alargue e tenha grande expressão dos grupos mais de 50 anos”, defendeu.
Há ainda a assinalar um aumento da mobilidade em Portugal, o que faz com que o índice de confinamento se situe agora nos 62%.
Portugal regista um "crescimento mais acentuado" da variante britânica
Relativamente à nova variante associada ao Reino Unido, André Peralta Santos afirmou que se observa “um crescimento da incidência” com maior expressão na região de Lisboa e Vale do Tejo, com aproximadamente 66% casos positivos, mas com um crescimento na região Centro e na região Norte com uma prevalência superior a 50% atualmente.
No entanto, estes valores foram atingidos à nona semana, o que sigifica que são boas notícias, uma vez que os os especialistas esperavam alcançar estes números à sexta semana.
João Paulo Gomes, investigador do Instituto Dr. Ricardo Jorge, disse que a variante do Reino Unido é "muito mais transmissível do que todas as outras" e que, ao longo da última semana, houve um "crescimento mais acentuado" da variante britânica: "cerca de 20%".
O especialista chamou ainda a atenção para duas outras variantes com alguma incidência no país: a sul-africana e a brasileira.