Gagos discriminados no mercado de trabalho - TVI

Gagos discriminados no mercado de trabalho

  • Portugal Diário
  • 19 out 2007, 17:24

«Entidades empregadoras põem muitos obstáculos» em os contratar, acusam

Relacionados
A Associação Portuguesa de Gagos denunciou hoje as dificuldades que os gagos enfrentam no acesso ao mercado de trabalho e pediu às entidades públicas que promovam numa campanha de esclarecimento sobre aquele distúrbio de linguagem.

«A descriminação no mercado de trabalho existe. Especialmente nos trabalhos que exigem alguma comunicação, as entidades empregadoras põem muitos obstáculos em contratar um gago» disse à agência Lusa Cesário Neves, presidente da APG.

O responsável aludiu, igualmente, às dificuldades que os mais novos sentem na escola, «colocados à margem pelos colegas ou por professores. Há quem tenha sensibilidade para lidar com os gagos mas outros não têm, de todo», disse.

Questionado sobre a forma de ultrapassar essa alegada descriminação, Cesário Neves reclamou medidas de apoio de entidades públicas, como uma campanha a nível nacional que permita, por um lado, «o esclarecimento de todos aqueles que, por desconhecimento, descriminam os gagos».

A campanha defendida pela APG deveria passar também por prestar informação sobre ajuda médica a todos os gagos que dela necessitem.

No intuito de apoiar pessoas com aquele distúrbio linguístico, um grupo de gagos da freguesia do Alqueidão (Figueira da Foz) formalizou a associação em 2004 e este Sábado, em Coimbra, promove pela primeira vez umas jornadas sobre gaguez.

«Há muito gago ainda escondido, com preconceitos de se expor, não estão para ser gozados. Queremos chegar a mais pessoas e mostrar que há uma associação nacional que os apoia», disse Cesário Neves.

No entanto, o convívio entre gagos, familiares e amigos no Alqueidão remonta a 2002 e acabou por estar na génese da APG.

«As pessoas foram passando a palavra, tivemos contactos de várias partes do pais e houve dois terapeutas da fala de Setúbal e Coimbra que se associaram ao projecto e acabámos por criar a associação», explicou.

No Sábado, a partir das 10:00, cerca de 250 gagos vão reunir-se no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), para debater temas como as vivências da gaguez no trabalho, escola, família e comunidade.
Continue a ler esta notícia

Relacionados