Precariedade de emprego no Ensino Superior

Dois sindicatos acusam o Ministério do Ensino Superior de estar a bloquear todas as vias negociais com os representantes dos docentes e exigem o regresso ao diálogo para resolver os problemas de «grande precariedade de emprego» no sector, escreve a Lusa.

«Não temos negociações com o Governo já há muito tempo», revelou à Lusa João Cunha e Serra, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), considerando que «não tem havido nenhuma abertura da parte do ministério para negociar com os sindicatos sobre problemas que têm a ver com as situações de grande precariedade que as carreiras têm».

João Cunha Serra salienta, «em particular, o politécnico, onde cerca de três quartos dos docentes estão em contracto a prazo. Este é um volume muito grande, hoje que se fala na precariedade e na necessidade de combater essa precariedade e quando o próprio Governo avança propostas em que afirma pretender reduzir a precariedade», acrescentou o responsável da Fenprof pelo Ensino Superior.

O responsável adiantou ainda que, por resolver, estão questões relacionadas com bloqueios nas promoções na carreira docente no ensino superior.

«Fala-se muito da necessidade de reconhecer o mérito, mas se não houver oportunidade de promoção, de mudança de categoria, isso é apenas conversa».

Cunha e Serra destacou que, entre os problemas que gostariam de tratar com o Ministro Mariano Gago, está o dos investigadores, considerando que existem «muitos bolseiros e poucos lugares de investigação, de forma que estes têm muita dificuldade em conseguir um emprego estável».

«Sobretudo o que nos preocupa são aqueles [investigadores] já com o seu doutoramento feito e que têm bolsas de pós-doutoramento, que existem para lhes dar alguma expectativa, já que se formaram para fazer alguma coisa ligada à sua formação, mas que não respondem à necessidade de os fixar no nosso país».

A Fenprof e o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) vão divulgar quinta-feira «as iniciativas que têm em curso e as que se propõem desenvolver em conjunto nos próximos tempos com vista a quebrar o bloqueio negocial que o Ministro Mariano Gago tem imposto às organizações sindicais».