Cancelar prémios a bons alunos é «dos piores sinais» - TVI

Cancelar prémios a bons alunos é «dos piores sinais»

José Manuel Silva

Bastonário da Ordem dos Médicos diz que «é hora de reconhecer e agradecer o mérito desta juventude que apostou em menos discotecas e mais trabalho»

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O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que cancelar prémios de mérito para os alunos do secundário foi uma medida pior do que aumentar os impostos e é «um dos piores sinais que o Governo podia dar».

«Foi das medidas mais infelizes deste Governo», afirmou José Manuel Silva na cerimónia de atribuição de prémios de mérito a dez alunos escolhidos pela Ordem para receberem os 500 euros que o Governo tinha decidido cancelar.

O bastonário afirmou esperar que «para o ano o Ministério da Educação e Ciência cumpra a sua obrigação, o seu dever ético de premiar o mérito dos jovens estudantes portugueses do ensino secundário».

«Se porventura isso não acontecer, desejo que a sociedade civil volte a assumir as suas responsabilidades e agradeça a estes jovens o facto de terem passado muitas horas a estudar», acrescentou.

O bastonário referiu que enquanto o aumento dos impostos é algo que «toda a gente compreende», retirar «à última da hora» os prémios de mérito prometidos aos melhores alunos do secundário «foi dos piores sinais que o Governo podia dar ao país».

«É hora de este país, de uma vez por todas, reconhecer e agradecer o mérito e o sacrifício desta juventude que apostou em menos discotecas e mais trabalho», afirmou José Manuel Silva, condenando o «facilitismo e o chico-espertismo».

O bastonário apontou o «facilitismo, a corrupção, o desenrascanço e a esperteza saloia» como factores que contribuíram para o estado financeiro do país.

Referiu-se às «formas ínvias, injustas, ilegais e até inconstitucionais» como algumas pessoas entram no ensino superior sem precisar de fazer os exames nacionais, referindo-se a notícias que dão conta de alunos que fazem um ano de ensino recorrente com exigência reduzida e conseguem entrar em cursos superiores sem ter que prestar exames.

São os que seguem «a via da facilidade para entrar à frente de jovens que escolhem a via do esforço, do mérito e do trabalho», criticou.

A Ordem entregou dez cheques de 500 euros a outros tantos jovens: dois foram escolhidos porque os seus casos foram referidos na comunicação social e os restantes escolhidos pela importância que o prémio poderia ter para os ajudar a enfrentar despesas com propinas ou com habitação, no caso dos que se deslocaram para estudar.

Foi o caso de Miguel Saraiva, de Viseu, que disse aos jornalistas que vai usar o dinheiro do prémio para ajudar a estabelecer-se no Porto, para onde vai estudar Medicina.

O estudante considerou que receber o dinheiro é «mais uma motivação» para ter bons resultados e lamentou que Portugal nem sempre premeie o mérito, indicando o exemplo de um colega seu que ganhou «uma medalha de bronze nas Olimpíadas da Química» que não conseguiu entrar em Medicina «por décimas», enquanto os «atletas de alta competição» têm a vida facilitada para ingressar no Ensino Superior.
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