Escolas fazem abaixo-assinados contra avaliação de professores - TVI

Escolas fazem abaixo-assinados contra avaliação de professores

Manifestação de Professores em Lisboa

Docentes queixam-se que o modelo é injusto, demorado e que não têm tempo para os alunos

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Várias escolas estão a aprovar moções ou abaixo-assinados a pedir a suspensão do processo de avaliação de professores, disse ao PortugalDiário Anabela Delgado, membro do secretariado nacional da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

«Ainda estamos a complicar os dados, mas sei que, por exemplo a escola D. João II, em Setúbal fez um abaixo-assinado. Mas há outras escolas que fizeram o mesmo e algumas que estão a preparar iniciativas semelhantes», explicou a docente.

Blogosfera acompanha iniciativas

Com os protestos a surgirem em escolas de todo o país, os blogues vão sendo o ponto de encontro e são muitos os que fazem a lista das escolas com iniciativas contra a avaliação.

O Profblog.org é um dos mais activos nesta matéria. Além da lista tem ainda disponíveis os textos das moções e abaixo-assinados aprovados.

«Professores estão cansados e desmotivados»

Segundo a agência Lusa, o Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares é um desses exemplos e enviou ao Ministério da Educação uma carta a pedir a suspensão do processo de avaliação de desempenho. Numa carta enviada à ministra da Educação, a que a Lusa teve acesso, 116 dos 130 professores daquela escola pedem a «revogação imediata» do despacho que institui a avaliação de desempenho e de toda a legislação «conexa».

Os docentes consideram que a aplicação do modelo é «inexequível, por ser inviável praticá-lo segundo critérios de rigor, imparcialidade e justiça» e que «não contribui nem para o sucesso dos alunos, nem para a qualidade do trabalho pedagógico que os professores pretendem».

«Assenta numa perspectiva desmesuradamente burocrática, quantitativa e redutora da verdadeira avaliação de desempenho dos docentes. Pela sua absurda complexidade, não é aceite pela maioria dos professores deste país, não se traduzindo, por isso mesmo, em qualquer mais-valia pessoal e/ou profissional», lê-se na missiva.

É mestre e doutora, mas não é titular

Em declarações à agência Lusa, a presidente do Conselho Executivo afirma que os professores já andam «deprimidos, extremamente cansados e desmotivados», garantindo que o tempo disponível para os alunos «é diminuto».

Reforma antecipada é a solução

«Se esta burocracia traduzisse no final um benefício para a educação fazíamos um sacrifício ainda maior. Mas pensamos que o que se passa é o contrário. Isto é acabar com o ensino porque os professores estão sem tempo para os alunos», garantiu Maria Eduarda Carvalho.

«Este ano já se reformaram dois professores e outros dois estão a pensar pedir a reforma para o ano, ainda que com penalizações. O que me vale é que tenho um corpo docente jovem e sem tempo de serviço para o poder fazer», diz.

Repudiam o modelo de avaliação

Sublinhando que «os objectivos individuais e colectivos dos professores do agrupamento são ensinar os alunos e prepará-los para uma sólida construção de um projectos de vida», o conselho pedagógico aprovou no final de Setembro um outro documento, onde manifesta «repúdio» e «oposição» ao modelo do Ministério da Educação.

Segundo o Conselho Pedagógico, o Ministério da Educação, com as suas reformas, conseguiu «um efeito verdadeiramente subversivo». «Subverteu a essência do trabalho dos professores: em vez de estar a ser orientado para resolver os problemas dos alunos, ele centra-se, agora, nos problemas profissionais dos professores».

Contactado pela Lusa, o assessor de imprensa do Ministério da Educação sublinhou que o Conselho Pedagógico aprovou os instrumentos de registo e que a avaliação «não está parada» no estabelecimento de ensino.
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