«Cresci muito nesses cinco meses» - TVI

«Cresci muito nesses cinco meses»

Rita Araújo e os amigos de Erasmus

Rita trocou Lisboa pela Bélgica por cinco meses. Nos primeiros tempos as saudades foram mais fortes, mas depois fez amizades que ainda perduram. Sente que cresceu nesse tempo e que enriqueceu o curricullum

«Queria conhecer a vida lá fora e precisava de uma oportunidade para viver mais independente e numa cultura diferente da minha». Este foi um dos motivos mais fortes que levou Rita, uma estudante de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na altura com 22 anos, a trocar Lisboa pela pequena cidade de Louvain-la-Neuve, na Bélgica, por cinco meses. Quatro anos depois, considera que a experiência foi muito positiva e não hesita em dizer: «cresci muito nesse tempo».

A importância de fazer amigos

Os primeiros tempos não foram fáceis. Rita nunca tinha vivido fora de casa dos pais e de repente estava num país estrangeiro, e sozinha, porque ao contrário do que acontece muitas vezes não foi com nenhum grupo de portugueses. «Senti muitas saudades», confessa.

O primeiro mês foi de adaptação, e só ao fim desse período, usando como pretexto as festas e actividades organizadas para os estudantes Erasmus, acabou por fazer amigos de várias nacionalidades: italianos, gregos, espanhóis, franceses. «Foi numa excursão, organizada pelo instituto de línguas ao parlamento belga, e em que era a única aluna da minha turma a participar, que conheci o núcleo duro de amigos. Criamos uma amizade muito forte», conta Rita.

Na Bélgica, foram muito importantes para superar a distância dos amigos que tinham ficado em Portugal e com o fim do Erasmus, a amizade não terminou. «Mantemos o contacto facilmente através da Internet e do telefone» e todos os anos há um reencontro em diferentes países da Europa. «Com as low cost espalhadas torna-se fácil combinar encontros nas cidades em que cada um está a viver», explica.

Saudades de casa e dos amigos

Por cá, vivia-se a euforia do Euro 2004. «Tive pena, gostava de ter estado presente. Por vezes sentia falta de partilhar as alegrias com os amigos que estavam longe», conta.

Antes de ir, ainda ponderou no impacto da ausência teria nas amizades. «Mas depois, pensei que seria apenas por 5 meses, e contactar Portugal a partir da Bélgica seria bastante acessível. Durante esse período tive também a oportunidade de receber visitas de amigos e familiares», conta. Por isso foi, e garante que não se arrepende.

Treinar o francês

Para Rita, as saudades foram talvez a maior dificuldade. «Já estava um bocado esquecida do francês, mas inscrevi-me num curso de línguas e três semanas depois já falava bem».

As questões práticas do dia-a-dia também não foram grande obstáculo. Em Louvain-la-Neuve, a jovem ficou alojada num campus universitário, num apartamento da universidade com mais sete estudantes. «Tinha todos os serviços perto e ia a pé para todo o lado», diz Rita.

Partilhar o espaço com desconhecidos também acabou por não ser difícil. «Respeitávamos o espaço umas das outras, não levávamos pessoas que pudessem incomodar. Não tive problema nenhum».

Porquê a Bélgica?

Rita estava no último ano do curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores no Instituto Superior Técnico e resolveu fazer o trabalho de fim de curso na Universidade Católica de Louvain-la-Neuve seguindo o conselho de um professor. «Disse-me que era uma boa universidade para fazer o trabalho».

Lá, a estudante contou com o apoio de um docente local. «Sugeriu-me dois ou três temas, tínhamos reuniões constantes e foi sempre acompanhado o meu trabalho», conta Rita, para quem esta «foi uma experiência muito positiva» também a nível académico. «Permitiu-me ver como as coisas funcionam lá fora».

A jovem conta que na fase inicial, a experiência Erasmus também lhe deu alguns pontos extra na procura de emprego. «Enriqueceu-me o curricullum e foi valorizado por algumas empresas quando era recém-licenciada».

O regresso

«Depois do período de Erasmus voltei a Louvain-le-Neuve com alguns dos meus amigos de Erasmus», conta Rita. A cidade está diferente, «mas os pontos principais que associamos às nossas boas memórias continuam reconhecíveis e invadem-nos sempre de muita nostalgia», assegura.
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