«Em termos de currículo, estou à frente dos meus colegas» - TVI

«Em termos de currículo, estou à frente dos meus colegas»

Nazaré Rafael com os colegas de Erasmus

Durante quatro meses, Nazaré Rafael estudou na Polónia. Sofreu com a adaptação, mas enumera diversas vantagens académicas. Até teve disciplinas que em Portugal não teria

Foram quatro meses de ausência e agora que regressou, Nazaré Rafael sente estranheza ao ver que «está tudo igual». «Achei que quando voltasse ia estar tudo diferente», conta a jovem. Durante quatro meses, esta aluna de Desporto, de 21 anos, deixou os bancos do Instituto Politécnico de Bragança e estudou em Cracóvia, na Polónia. «Para nós, o tempo parece que passa mais depressa. Temos saudades, mas como estamos a viver muitas coisas novas, não sentimos tanto», conta.

Nazaré regressou há uma semana. Ainda não matou as saudades dos amigos portugueses, mas já sente falta dos que deixou na Polónia. «Fiquei dividida agora no final. Queria voltar, mas também fiz lá muitos amigos».

«Fiz disciplinas que em Portugal não teria»

A jovem confessa que quando partiu para Cracóvia, partilhava da opinião de muitos portugueses: «Achava que não ia fazer nada» durante o tempo de Erasmus. Mas enganou-se. «A universidade era muito exigente. Tínhamos muitos trabalhos, exames». Essa componente académica acabou por ser uma das melhores partes da experiência. «As aulas, os exames, os trabalhos... tudo era em inglês. Eu sabia a língua, mas não tinha vocabulário técnico», explica. «Aprendi, por exemplo, o nome dos músculos em inglês. Tudo isto será muito útil se eu procurar emprego no estrangeiro. E da maneira como o mercado está em Portugal, ainda se torna mais importante».

Quando terminar o curso, Nazaré quer trabalhar com pessoas portadoras de deficiência e o Erasmus permitiu-lhe uma experiência nessa área que, assegura, «em Portugal não teria». Na Polónia, «fizemos, por exemplo, um jogo de basquete em cadeira de rodas, fomos visitar uma escola para surdos, uma escola de crianças com deficiência mental. Permitiu-me, pelo menos, perceber melhor como eles experienciam as coisas», conta Nazaré. Por tudo isto, sente que, «em termos de currículo», está «à frente» dos colegas que ficaram cá. Além disso, fez as disciplinas todas e com boas notas.

«Pensei em desistir»

Mas se agora a jovem vê a experiência como muito positiva, houve alturas em que pensou em desistir. «Os primeiros tempos foram muito difíceis. As aulas começavam muito cedo, havia quem chegasse a entrar às 6.30 horas, estava muito frio. No início, os tempos livres eram passados em casa».

Para Nazaré e para os quatro colegas portugueses com quem foi, a língua também foi um obstáculo. «Não percebíamos nada da língua, nem conseguíamos ler o que estava escrito na rua, nos autocarros». O que acabou por acontecer foi saírem na «paragem errada do eléctrico», terem de comunicar «por gestos». Nem na residência universitária, onde moravam, os responsáveis falavam inglês. «Quando avariava alguma coisa, levávamo-los pelo braço para verem o que era», recorda divertida. Mas lá se foram entendendo.

Também achavam que o nível de vida era mais baixo. «Disseram-nos que era tudo mais barato do que em Portugal, por isso, quando chegamos, com a bolsa de Erasmus, achávamos que tínhamos muito dinheiro», mas depressa viram que a diferença de preços era muito pequena.

Mesmo assim, ainda conseguiram viajar. «Fomos a Londres, Amesterdão e Viena. Viajar de lá era mais barato. Se estivesse em Portugal, provavelmente não teria feito essas viagens», diz Nazaré.

Agora que a aventura terminou, Nazaré não hesita quando lhe perguntam o que achou da experiência: «Gostei muito!»
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