«Percebemos que afinal não somos tão adultos» - TVI

«Percebemos que afinal não somos tão adultos»

Varsóvia

O testemunho de uma estudante portuguesa nos últimos dias de Erasmus na Polónia

Marta Teixeira tem 19 anos e estuda Gestão na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas este semestre, passou-o na Polónia, em Varsóvia, ao abrigo do programa Erasmus. Agora que faltam poucos dias para regressar, Marta conta-nos a experiência e garante que «vale mesmo a pena».

«Desde o secundário que tenho curiosidade de saber como seria viver longe durante uns meses, num sítio completamente desconhecido e acreditava que se um dia surgisse a oportunidade de integrar numa experiência Erasmus, aproveita-la-ia. Lá em casa nunca se opuseram à ideia e esse ponto foi importante, pois fazer uma mudança destas quando se tem todo o apoio e consentimento torna-se mais fácil.

Na realidade, quando entrei para a faculdade deixei de pensar nisso. A entrada na faculdade é só por si um marco com algum peso, chamar-lhe-ia mesmo um Erasmus em pequena escala porque vamos viver sozinhos e temos que nos orientar à nossa maneira.

Só este ano que decidi informar-me sobre a possibilidade de fazer Erasmus. E, sinceramente, acho que vim sem pensar muito bem nas alterações que a minha vida ia ter em todos os campos.

O lado académico preocupava-me, um dos objectivos era fazer as disciplinas que ia ter, não queria perder um semestre. No lado pessoal estava bastante curiosa em saber como iria ser a minha integração neste novo mundo, as pessoas que ia conhecer, as viagens que ia fazer... O facto de ficar longe de toda a gente que me rodeava no dia-a-dia não pesou muito, pois Erasmus foi algo que sempre desejei fazer.

A mais valia é a aprendizagem cultural

Depois de cá chegar a adaptação não foi difícil. Tive pessoas cá que me ajudaram quando cheguei e me deram as ferramentas principais para viver em Varsóvia: mostraram-me onde ficam os sítios que toda a gente precisa e frequenta (supermercados, cafés, restaurantes, correios), explicaram-me como funcionam as redes de transportes públicos, falaram-me daquelas regras em sociedade que a maioria dos estrangeiros desconhece... Pequenos pormenores, que no início fizeram a diferença e facilitaram a minha integração.

Acho que a mais valia desta experiência é a aprendizagem cultural. É fantástico conhecer gente de todo o lado e ver que temos hábitos mesmo diferentes... ou nem tão diferentes, noutros casos!

«É um teste a nós próprios»

É uma experiência óptima também a nível pessoal, pois o nosso vocabulário aumenta, geralmente, o inglês, e também deu para aprender umas coisas de polaco. Aprendemo a sobreviver em sociedade, numa sociedade onde não conhecemos ninguém, não conhecemos as regras, não conhecemos a língua... Passamos por situações que nunca imaginamos e que, no fundo, muitas delas funcionam como testes a nós próprios.

Momentos engraçados e embaraçosos

«Aprendemos que afinal não somos tão adultos»

Agora que estou a poucos dias de terminar esta aventura de quatro meses digo que valeu a pena, mesmo! A nível pessoal cresci bastante, é imensa a quantidade de coisas que aprendemos.

A nível académico foi também importante. Não que eu tivesse aprendido muita coisa nova, mas foram disciplinas que ficaram feitas, e, geralmente, é tudo muito mais facilitado para alunos Erasmus!

Há apenas um ponto que eu poderei apontar como menos positivo: talvez fazer Erasmus com 19 anos é um bocado cedo. Provavelmente não há a idade ideal, mas a maioria dos estudantes têm mais de 22 anos. E é diferente, porque a experiência e os objectivos de vida são outros e há situações em que nos damos conta que afinal não somos tão adultos. Mas diverti-me na mesma, a experiência foi igualmente fantástica e inesquecível.

A todos aqueles que têm oportunidade de pertencer ao mundo Erasmus aconselho a aproveitá-la. Vale mesmo a pena, são momentos que serão relembrados para sempre. E depois dá sempre jeito ter um amigo em Viena, outro em Budapeste, outro em Berlim...!»
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