«Uma das melhores experiências que vivi até hoje» - TVI

«Uma das melhores experiências que vivi até hoje»

Luciano Pereira e os amigos de Erasmus

Durante quatro meses, Luciano Pereira estudou numa universidade belga. Foi há três anos, mas não esquece a aventura. Agora conta-nos as dificuldades, as aventuras e o que ganha quem integra o programa Erasmus

Para Luciano Pereira, os bancos da faculdade já ficaram para trás. Tem 28 anos, é médico, mas não esquece os quatro meses em que esteve na Bélgica ao abrigo do programa Erasmus. Foi em 2005, no último ano do curso, que arriscou ir para fora. Hoje, conta-nos como foi esta que apelida de «uma das melhores» experiências que viveu.

«Tudo começou por uma brincadeira. Decidi aprender uma língua estrangeira, mas como as aulas de russo estavam cheias fui para o holandês. Lá conheci uma colega que tinha feito Erasmus na Bélgica e que me falou muito bem de Gent. Entre muito entusiasmo, peripécias e trabalhos lá fui aceite. Começava uma das melhores experiências que vivi até hoje.

Através da faculdade conheci o Gustavo, que me iria acompanhar nesta aventura. Companhia de bons e maus momentos. Foi com ele que começou a viagem e foi com ele que acabou.

As dificuldades iniciais

Após uma viagem cansativa, chegámos. Inicialmente tudo é estranho, as pessoas que fixam o olhar em nós, as ruas, os autocarros, os passeios, tudo é confuso. No primeiro dia andámos tanto e com uma mala tão grande que fiquei com uma tendinite. Resultado: duas semanas de dores e um mês de fisioterapia. Não começava nada bem.

Para piorar chegámos muito cedo. O grosso dos alunos só chegaria um mês depois. Mas a esperança chegava através de um grego que nos assegurava que os tempos de solidão e leitura dariam lugar a festas inacabáveis, momentos únicos e pessoas inesquecíveis. Eu já tinha feito um intercâmbio na Grécia, esperava dificuldades nos primeiros tempos...

«Os belgas vivem para trabalhar»

No hospital conheci a pior faceta dos belgas: trabalham muito, vivem para trabalhar e o trabalho é a sua vida. Cheguei a ter reuniões ao mesmo tempo que almoçava. Mas as coisas funcionam, são muito organizados e respeitadores. Em termos académicos será o que me marcou mais, é preciso ter capacidade de trabalho e nisso eles são mestres. Para além disso levantam-se muito cedo, deitam-se muito cedo, embebedam-se muito cedo. Não me esqueço da primeira vez que fui à rua dos bares, eram dez horas e fiquei estupefacto: a maioria das pessoas estava bêbada!

O dia-a-dia

O grego tinha razão: aos poucos foram chegando mais alunos de Erasmus. Espanhóis, portugueses, nórdicos, de leste e até asiáticos. Estes últimos funcionavam como o mercado negro da residência: para comprar um frigorífico era com eles que se ia falar, em menos de um dia teria um em segunda, terceira ou quarta mão no teu quarto a funcionar! Boa gente.

Aluguei uma bicicleta que dava muito jeito. Tal como muitos belgas, ia nela para todo o lado, para a faculdade, para a estação, para sair à noite. Não havia controlo da taxa de alcoolémia e para além disso ao vir da zona dos bares era sempre a descer até à residência. Não quero imaginar se fosse ao contrário. Era estranho ver raparigas todas arranjadas, pintadas e de mini-saia irem de bicicleta até aos bares e discotecas».

Durante os quatro meses que esteve na Bélgica, Luciano Pereira fez amigos, viajou muito e conheceu aquela que viria a ser sua namorada. Leia a continuação da história
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