«Quem sofre com isto são, numa primeira fase os polícias, porque muitas das esquadras não têm condições de higiene e salubridade, e também os utentes que se deslocam à esquadra para apresentar queixa», disse o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues.
Em causa estão problemas como «construções antigas [e sem manutenção] e infiltrações bastante profundas» nalguns dos edifícios, acrescentou o responsável, admitindo ter a perceção de que, «a todo o momento, pode cair o telhado ou a parede».
De acordo com o representante do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP), António Ramos, as esquadras mais afetadas são as do Calvário, a de Arroios, a da zona I de Chelas, a da Santa Marta e a dos Olivais.
A maioria destas esquadras está prestes a fechar, de acordo com a reorganização do dispositivo policial iniciada pelo Governo no ano passado, que se pretende traduzir numa «racionalização das instalações e num aumento significativo da presença e visibilidade da polícia» nas ruas, mais concretamente de 267 elementos em Lisboa (19% do efetivo total).
Em maio do ano passado, foi aprovada em reunião camarária a proposta que prevê o encerramento de 14 esquadras e a construção de outras seis em Lisboa.
Numa resposta enviada à agência Lusa, em dezembro, o Ministério da Administração Interna (MAI) referiu que já foram desativadas as esquadras da Boavista, Rossio e Bela Vista (a 05 de maio de 2014) e a do Alto do Lumiar (no dia 30 do mesmo mês). Neste último local, mantém-se a Divisão de Trânsito.
Segundo o MAI, para o início deste ano está prevista a abertura da esquadra do Palácio Folgosa, que permitirá desativar a esquadra da Mouraria e relocalizar a da Rua Gomes Freire (sede da 1.ª divisão) e a de Santa Marta.
Sem data definida, também se prevê construir uma esquadra em Marvila (para desativar as esquadras do Bairro do Condado e da zona J de Chelas) e uma outra que agregue as três esquadras da freguesia de Carnide, adiantou o MAI.
A esquadra da Rua da Prata, inaugurada em dezembro de 2013, já apresenta problemas, de acordo com o sindicalista António Ramos: “De vez em quando, os esgotos estão entupidos e o ar condicionado não funciona”.
O Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) indicou, através de uma informação escrita, que «relativamente à existência de problemas em esquadras com instalações novas, a PSP acionará os meios legais de garantia que se encontram regulados, sempre que essas situações se verifiquem».
«Temos consciência de que continuam a existir diversas esquadras que não reúnem as condições necessárias para o atendimento aos cidadãos», pelo que «a PSP continuará a apresentar junto da tutela as propostas de restruturação do dispositivo julgadas adequadas […]», acrescentou o Cometlis.
Enquanto isso, a degradação das esquadras vai afetando o serviço da PSP, defende Paulo Rodrigues. “Por mais que se preste um bom serviço na rua, isso não transparece com as instalações que temos”, concluiu o responsável, indicando que a situação se verifica «um pouco por todo o país».