Loures: incidentes «só são diferentes porque passaram na TV» - TVI

Loures: incidentes «só são diferentes porque passaram na TV»

Vestígios dos confrontos no Bairro da Quinta da Fonte

Observatório da Proliferação de Armas considera que desacatos na Quinta da Fonte são «extremamente preocupantes»

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Os incidentes com armas ocorridos na Quinta da Fonte, Loures, «só são diferentes porque foram filmados» e passaram na televisão, afirmou este sábado Fernando Roque Oliveira, responsável pelo Observatório da Proliferação de Armas, da Comissão Nacional Justiça e Paz.

Fernando Roque Oliveira disse à Agência Lusa que, no entanto, as imagens dos incidentes de sexta-feira, embora de fraca qualidade, são «extremamente preocupantes» porque se «pode ver a existência de armas, não só de caçadeiras mas de armas mais sofisticadas».

Embora considerando que a lei portuguesa de 2007 «é boa» porque não só criminaliza a posse ilegal e o comércio ilegal de armas como dá poder às forças de segurança para organizarem operações de apreensão de armas, Roque Oliveira sublinhou que ainda «há muito a fazer na recolha de armas em Portugal». Tem de ser uma acção continuada, bem planeada, com boa informação e bem executada», adiantou.

Contudo, para o responsável pelo Observatório da Proliferação de Armas, este problema «não é só das forças de segurança mas da sociedade portuguesa».

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«Isto tem a ver com a qualidade de vida das pessoas, com o fosso muito grande entre os mais ricos e os pobres», destacou Fernando Roque Oliveira, observando que há razões sociais e económicas que explicam que muita gente cometa acções ilícitas, o que «tem de ser combatido do ponto de vista social, com um cuidado muito grande na redistribuição da riqueza».

O responsável do Observatório da Proliferação de Armas considerou que tem de haver cuidado no realojamento das pessoas, nomeadamente com o realojamento em altura (prédios de vários andares), e nesta matéria «tem havido muitos erros e a Quinta da Fonte é um deles».

Roque Oliveira assinalou que, em vez de se concentrarem as pessoas em grandes realojamentos, devem ser espalhadas pelos aglomerados urbanos.

O responsável afirmou ainda que as redes sociais de apoio a estas populações «estão montadas mas deveriam funcionar melhor» e defendeu que deveriam ser os presidentes das autarquias, câmaras municipais e juntas de freguesia a assumir a direcção destas redes em vez de delegarem, porque «este é um trabalho muito importante».

«Temos um problema nacional para resolver, é uma coisa que vai levar muito tempo mas que tem de se começar rapidamente», concluiu Fernando Roque Oliveira.

Pela segunda vez em menos de 24 horas na Quinta da Fonte, Loures, meia centena de indivíduos de dois grupos envolveram-se sexta-feira por volta das 14:00 horas em confrontos com armas de fogo, segundo a PSP.

Foram detidas duas pessoas e apreendidas armas de fogo e munições de calibre variado.

O bairro da Quinta da Fonte, na freguesia da Apelação, concelho de Loures, foi edificado para acolher desalojados pela construção dos acessos viários à Expo 98 e tem actualmente 2.500 habitantes de várias etnias.
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