Universidades: propinas em atraso chegam a 25% - TVI

Universidades: propinas em atraso chegam a 25%

Estudantes

Atraso nos pagamentos sofreu «um aumento considerável» nos últimos tempos, tal como a desistência

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O atraso no pagamento das propinas «aumentou muito» na maioria das instituições de Ensino Superior, atingindo nalgumas um quarto dos alunos, disse à agência Lusa fonte da Federação Nacional dos Professores (FENPROF).

Repetidas vezes têm sido pedidos os números do abandono, sem que tenha sido assumida até ao momento a verdadeira dimensão de um problema que salta a cada dia para a Comunicação Social, com relatos na primeira pessoa.

Na quarta-feira, o PCP leva à Comissão de Educação um requerimento para ouvir a este respeito, no Parlamento, o ministro Nuno Crato.

Os comunistas querem saber qual a dimensão do fenómeno, o acompanhamento que o Governo tem feito e as medidas que pretende adotar, no sentido de o combater.

«O atraso no pagamento de propinas aumentou muito na maioria das instituições. Não é diretamente desistência, mas é um indicador forte do que está a acontecer», disse à agência Lusa o coordenador do Ensino Superior na Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Rui Salgado.

E o que está a acontecer é que muitos estudantes desistem porque «não conseguiram a bolsa de que necessitavam para prosseguir os estudos», enquanto outros, mesmo com algum apoio, deixam de ter os pais com capacidade de pagar toda a despesa que implica frequentar o Ensino Superior.

«Isto sente-se particularmente em instituições fora dos grandes centros urbanos», contou Rui Salgado, indicando que, além do pagamento das propinas, há também cada vez mais dificuldade em assegurar as despesas de deslocação e restantes gastos.

Segundo a mesma fonte, há «instituições em que 25 por cento dos estudantes está neste momento em incumprimento».

O atraso nas propinas sofreu «um aumento considerável» nos últimos tempos, tal como a desistência de mestrados: «É também um dado de abandono precoce» da qualificação.

«É uma situação preocupante também para o país. A frequência do Ensino Superior é ainda em Portugal uma importante forma de mobilidade social», defendeu, recordando que o país está «muito longe» dos níveis de qualificação da maioria dos países da Europa ¿ «Vamos distanciar-nos mais da média europeia».

O presidente da Associação Académica do Porto, Luís Rebelo, não tem dúvidas de que as dificuldades económicas têm provocado de facto um aumento do abandono do Ensino Superior.

«Penso que mesmo os partidos do Governo não o negarão», afirmou.

O dirigente académico insiste na necessidade de conhecer as razões do abandono para o poder travar: «As próprias instituições muitas vezes não sabem aquilo que poderiam saber com um telefonema ou um e-mail».

Alertou ainda para o facto de muitas vezes só ser contabilizado o abandono a meio do ano letivo, excluindo desse registo aqueles que terminam o ano e não voltam, por falta de meios.

João Marecos, presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa, apontou, por seu lado, que em 2009/2010 houve 84 por cento de candidatos a bolsa a recebê-la, enquanto em 2010/2011 (com novo regulamento) esse número passou para 54 por cento.

«Foi um declínio acentuadíssimo», realçou.

Os alunos que tenham no agregado familiar algum elemento com dívidas às Finanças ou à Segurança Social não podem receber bolsa, o que segundo as associações tem vindo a excluir muitos estudantes.
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