Especialidade: fazer milionários (vídeo) - TVI

Especialidade: fazer milionários (vídeo)

Funcionários de casas de apostas explicam como é lidar com excêntricos

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«Há quem faça pastéis de nata, a nossa especialidade é fazer milionários». A frase de Miguel Pinho, 37 anos, da Casa da Sorte, no Rossio (Lisboa), resume o sentimento dos funcionários que servem de intermediários entre os portugueses e os milhões que acabam por receber de concursos com o Euromilhões.

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Os portugueses fazem 868 apostas por minuto no euromilhões, um jogo que transformou Portugal no país que mais aposta por pessoa, cativando até os mais jovens. Desde 2004, 30 portugueses ficaram «euromilionários».

O primeiro sorteio de Euromilhões foi há exactamente cinco anos. Na altura, Portugal ainda não fazia parte dos países aderentes, entrando apenas oito meses mais tarde. Mas os portugueses depressa ganharam o ritmo, atingindo o segundo lugar na tabela dos que mais apostam: desde o seu lançamento, em Outubro de 2004, registaram-se mais de 1.935 milhões de apostas no país.

«Portugal é o país que mais aposta per capita. Em 2008 esse valor foi de 1,68 euros por semana», disse à agência Lusa o Departamento de Jogos Santa Casa. No ano passado, a média semanal foi de aproximadamente 8,8 milhões de apostas. Ou seja, a cada hora que passa as casas de jogo portuguesas registam 52 mil apostas. Resultado: desde 2004 foram atribuídos «mais de 86 milhões de prémios», num total de mais de «1.883 milhões de euros». Nestes quatro anos, o Euromilhões transformou 30 portugueses em «excêntricos».

A trabalhar na Casa da Sorte há 40 anos, José Augusto dos Santos garante que o Euromilhões seduziu uma geração que estava afastada deste tipo de jogos. «A malta jovem aderiu mais ao Euromilhões. É um sonho que está ao alcance por apenas dois euros», explicou o mais antigo funcionário da loja.

O primeiro a fazer excêntricos

Foi no Quiosque Fandino, em Moreira de Cónegos, em pleno Vale do Ave, que «nasceram» os dois primeiros «euromilionários» portugueses, mas a crise têxtil está a reduzir as apostas no Euromilhões. «Fecharam muitas fábricas e as pessoas agora apostam muito menos no Euromilhões», disse o proprietário Joaquim Pereira.

O quiosque «fez» os primeiros «euromilionários» portugueses no dia 26 de Novembro de 2004, quando quarenta e três milhões de euros foram divididos por dois amigos que acertaram nos números mágicos do Euromilhões. «Os meses depois de termos entregue o primeiro prémio foram uns meses completamente loucos, sempre a registar boletins, com filas de espera enormes e sem tempo para almoçar ou jantar», recordou, revelando que entre os apostadores continua um dos «euromilionários» que, semanalmente, tenta de novo a sorte.

A senhora que não reclamou o prémio

Nos últimos 20 anos, o café Recreio, no centro de Vila Verde, já deu um primeiro prémio do Euromilhões, outro do totoloto e mais um do Loto 2. Parece ser, literalmente, uma casa da sorte.

O proprietário, Adelino Gonçalves Rego, conhecido por Cardoso, o apelido da família, contou à Lusa que o vencedor do Euromilhões registado no seu café ganhou 56 milhões de euros, enquanto que o do Loto 2, em 2002, valeu ao apostador cerca de 100 mil euros. Mais recentemente, das suas mãos saiu ainda o prémio maior do Totoloto, no valor de meio milhão de euros.

A história preferida do «senhor Cardoso» é o caso do boletim da sorte que registou a uma mulher de uma aldeia do concelho. Como a senhora não aparecia para reclamar o prémio, teve de andar atrás dela para a mulher receber a «massa», já que a premiada nem se tinha apercebido de que estava milionária. «Dizem que ela me deu 500 mil euros por eu ter andado atrás dela mas não é verdade», garante, frisando que «se fosse vigarista, como por aí há muitos, tinha ficado com o dinheiro».
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