A testemunha-chave do processo contra Ferreira Torres regressa quarta-feira a Portugal e tenciona dirigir-se ao Ministério Público para prestar declarações.
Ouvido pelo PortugalDiário, José Faria, alegado testa-de-ferro do ex-presidente da Câmara de Marco de Canaveses, em negócios imobiliários, confirmou que embarca esta noite do Aeroporto de Guaralhos, em São Paulo, rumo a Madrid, onde chegará na quarta-feira às 14 horas (13 de Lisboa).
Apesar de a família ter solicitado segurança para a testemunha, que acredita correr «perigo de vida», José Faria referiu desconhecer ainda se terá segurança à chegada a Madrid.
«Ficaria espantado se lá não estivesse ninguém, mas confio na justiça portuguesa», referiu, acrescentando, que «se não estiver lá a PJ, estarão certamente os meus familiares».
«Não queremos uma segurança como a de Carolina Salgado»
Isso mesmo confirmou o irmão do funcionário da Câmara de Marco de Canaveses, Joaquim Faria, que esta quarta-feira entregou um requerimento no Ministério Público daquela comarca a fornecer os dados do voo do irmão e a alertar para os riscos que a testemunha corre».
«Não queremos uma segurança como a de Carolina Salgado, mas que, pelo menos, o tragam até Portugal, para que não suceda o mesmo que em São Paulo».
Recorde-se que José Faria terá sido agredido por um homem que o aguardava à chegada a São Paulo, no dia 6 de Abril.
José Faria continua a afirmar que foi Ferreira Torres quem o convenceu a «fugir» para o Brasil de modo a evitar que depusesse no julgamento em que o autarca responde por seis crimes: um de corrupção, outro de peculato de uso, um crime de extorsão e três crimes de abuso de poder.
«A Polícia já sabe o que se passou»
«A polícia já sabe o que se passou, até já foi buscar o meu telemóvel a casa, no Marco, e viu quem foram as últimas pessoas a ligar-me no sábado em que parti para o Brasil». De acordo com José Faria, os últimos contactos recebidos no telemóvel foram precisamente de José Faria (empresário de Famalicão) que terá levado a testemunha a Madrid, a pedido de Ferreira Torres.
«Não vai ser difícil descobrir a verdade. O meu bilhete foi pago com cartão de crédito, pelo que será fácil ver quem o pagou», acrescenta.
Em declarações ao 24 Horas, José Sousa confirmou ter pago a viagem com o intuito de «ajudar um amigo desesperado», neste caso, José Faria.
Recorde-se que o Tribunal de Marco de Canaveses decidiu solicitar à PJ, via Interpol, que diligenciasse no sentido de obter «a localização da testemunha José Faria» e investigasse «o fundamento da sua situação» descrita num fax enviado ao procurador do processo.
A magistrada judicial solicitou ainda que o relatório das conclusões da PJ lhe fosse remetido «no mais curto espaço possível». Ficando demonstrada a verdade dos factos alegados por José Faria, o passo seguinte seria, de acordo com a juíza, a comunicação «com nota de urgente» à Comissão de Programas Especiais de Segurança para assegurar todos os mecanismos de protecção da testemunha.
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Avelino: testemunha-chave chega quarta-feira
- Cláudia Rosenbusch
- 22 abr 2008, 20:24
![Julgamento de Avelino Ferreira Torres](https://img.iol.pt/image/id/10123862/1024.jpg)
Família alertou tribunal para os riscos que José Faria corre em Madrid
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