Ferreira Torres: ex-colaboradora denuncia ameaças - TVI

Ferreira Torres: ex-colaboradora denuncia ameaças

Julgamento de Avelino Ferreira Torres

Antiga chefe de gabinete do autarca acusa «testemunha-chave»

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A antiga chefe de gabinete de Ferreira Torres na Câmara de Marco de Canaveses, Assunção Aguiar, revelou esta tarde em tribunal que sofreu ameaças de José Faria, a «testemunha-chave» do processo, que acusa o autarca de o ter enviado para o Brasil, a fim de não comparecer ao julgamento.

Questionada pela sua advogada, sobre as causas da ruína do alegado testa-de-ferro de Avelino, em negócios de terrenos, Assunção Aguiar emocionou-se, chorou, e deixou no ar que terá sofrido «ameaças» de José Faria.

«Caso de sinta ameaçada, a obrigação da senhora é apresentar queixa no Ministério Público», advertiu a juíza, que desafiou a assistente a esclarecer a acusação lançada.

«Quando uma pessoa gasta mais do que tem . . .». A juíza insistiu: «Sabe em que é que ele (José Faria) gastava o dinheiro?». Após um silêncio, Assunção Aguiar prosseguiu: «Havia gastos associados à vida nocturna, à compra de pessoas». Depois voltou a emocionar-se e a sessão chegou a estar interrompida durante alguns minutos para a assistente serenar.

Entregou dinheiro ao Futebol Clube do Marco»

Momentos antes, a antiga chefe de gabinete de Torres tinha sido questionada pela juíza sobre uma das acusações ao autarca, referente a 1997, altura em que o arguido teria exigido 12 mil contos (60 mil euros) ao munícipe Martinho Penha e Sousa, para construir acessos viários à propriedade deste. A verba entregue destinar-se-ia em partes iguais, à autarquia e ao Futebol Clube do Marco. A empreitada foi realizada «sem qualquer processo ou projecto» e por iniciativa pessoal do arguido e com a utilização de máquinas e trabalhadores do município, refere a acusação.

Assunção Aguiar confirmou ter entregue na secretaria do Futebol Clube do Marco, em Maio de 1997, o dinheiro resultante do levantamento de um cheque da conta de Ferreira Torres no valor de seis mil contos.

Instada pela juíza a explicar por que razão não entregou ao clube o cheque «que o senhor Martinho» tinha pago a Ferreira Torres, a assistente esclareceu que o título de pagamento entregue ao autarca estava cruzado e que «o clube precisava de dinheiro líquido para pagar aos jogadores». Mais adiante a testemunha confirmou reconhecer o cheque «datado de Maio», tendo o procurador assinalado que o referido documento «não estava traçado».

Avelino quebrou o silêncio

Mais adiante Ferreira Torres decidiu quebrar o silêncio a que se remetera para explicar que Martinho Penha e Sousa declinou um convite seu para presidir ao clube e em vez disso «preferiu ajudar» financeiramente.

«O senhor Martinho, quando o convidei para ser presidente do Futebol Clube do Marco disse: «Eu prefiro dar e não ser presidente do Futebol Clube do Marco», esclareceu o autarca que rematou: «Para já, fico-me por aqui».

«Com esse senhor não quero rigorosamente nada»

Questionada sobre os negócios imobiliários de Ferreira Torres, a assistente confirmou que o presidente mantinha negócios nessa área, mas acrescentou desconhecer que José Faria funcionasse como testa-de-ferro de Avelino.

Assunção Aguiar disse ainda que José Faria chegou a pedir-lhe dinheiro emprestado para saldar dívidas, tendo-lhe emprestado um total de 5.800 euros e aquele ficou a dever-lhe «à volta de 5 mil euros».

A assistente esclareceu ainda que Avelino emprestou muito dinheiro a José Faria, designadamente 30 mil euros para a reforma de letras, sendo que o alegado «testa-de-ferro» do presidente lhe confessava amiúde: «A única pessoa que me ajuda é o senhor presidente Ferreira Torres».

Desde 2005, Assunção Aguiar cortou relações com José Faria. «Com esse senhor não quero rigorosamente nada», numa alusão às declarações da testemunha na PJ, em que a envolveu em situações ilícitas com Ferreira Torres. «A ideia que dá é que alguém lhe está a pagar para dizer mal das pessoas», rematou.

Leia a seguir: «Ferreira Torres irritou juíza
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