Madeira começa a enterrar os mortos - TVI

Madeira começa a enterrar os mortos

Tragédia na Madeira (FILIPE CAETANO, tvi24.pt)

Só a freguesia de Santo António contabiliza 15 mortos

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Santo António, a maior freguesia da Madeira, na zona alta do concelho do Funchal, contabiliza também a maior e a pior contabilidade da tragédia: 15 mortos, sete dos quais vão ser sepultados esta terça-feira.

No cemitério de Santo António estão as sete vítimas da intempérie de sábado, entre as quais uma criança de cinco anos, o seu padrasto e a mãe deste, que tinham procurado abrigo, juntamente com mais duas pessoas, numa garagem que foi atingida por uma grua. Morreram todos.

«Uma senhora que também ficou ferida e que está no hospital, já tinha dito que tinha medo da grua», afirmou uma jovem que foi mostrar solidariedade aos familiares das vítimas.

Num ambiente onde impera o preto do luto e onde se multiplicam as flores que durante muito tempo deram beleza à ilha, o silêncio é apenas interrompido pelos gritos lancinantes das pessoas que têm familiares, amigos, colegas de trabalho ou vizinhos ali.

Gritos semelhantes a estes Daniela Vieira retém de sábado, quando o barulho da água foi o pronuncio um drama maior. «A tromba de água era tanta que não via nada», referiu.

No cemitério de Santo António, o número de pessoas aumenta, as lágrimas abundam nos seus rostos, cresce o número de flores, em forma de coroa ou cruz, depositadas junto aos caixões.

Do cemitério avista-se uma grua e João de Gouveia interroga-se se pelo menos aquela estará segura. «A outra também estava, mas foram as pedras que vieram pela ribeira abaixo que a derrubaram», explicou, crente de que uma tragédia como a que ocorreu sábado teria uma dimensão inferior se os «apartamentos e casas não estivessem em cima das ribeiras» ou uma dimensão maior se a intempérie tivesse ocorrido durante a noite.

Ao presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Rui Santos, sobra-lhe em desespero as palavras que lhe faltam para descrever a tragédia que atingiu a sua freguesia, com cerca de 45 mil habitantes.

«É terrível o cenário nos becos e nas travessas», comentou, acrescentando que a autarquia está «na primeira linha de atendimento a todos os que precisam de ajuda».

O autarca adiantou que a ajuda, que traduz por solidariedade, «tem sido fantástica». «Tem aparecido roupa e alimentos. Os que não sofreram diretamente acham-se no dever de colaborar», observou.

As primeiras vítimas da freguesia de Santo António são sepultadas ao início da tarde.

Também esta terça-feira, seis pessoas vão a enterrar na freguesia vizinha de São Martinho, enquanto no Monte vai decorrer o funeral de um bombeiro que morreu a tentar salvar uma pessoa.
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