Um ano depois de ter sido alterada a lei que impedia os homossexuais de darem sangue, o fundador da associação Opus Gay revelou esta segunda-feira que continua a receber queixas relacionadas com discriminação nas dádivas de sangue, noticia a Lusa.
António Serzedelo disse que as queixas apresentadas naquela associação são de homossexuais que viram recusada a sua intenção de doar sangue, apesar da alteração legislativa introduzida a 24 de Março de 2006.
«As mentalidades não se mudam num ano e por lei», lamentou o fundador e antigo presidente da associação de defesa dos direitos da comunidade LGBT (gay, lésbica, bissexual e transsexual).
«A lei que perdurou era de uma homofobia latente, que ao proibir os homossexuais de dar sangue era como dizer que o seu sangue era diferente ou doente», disse.
Para Serzedelo, a aplicação das leis em Portugal depende dos «estados de alma, sobretudo, em questões fracturantes como a do sangue ou uniões de facto».
«A aplicação da lei depende de onde e de quem recolhe o sangue», referiu.
Maior parte dos homossexuais não se queixam para não se exporem
No último ano chegaram à Opus Gay algumas queixas de homossexuais que continuam a sentir-se «humilhados» pelas perguntas colocadas e pelas recusas de dar sangue devido à sua orientação sexual.
«A maior parte das vítimas homofóbicas não fazem crescer as suas queixas por falta de disponibilidade ou dinheiro e para não se exporem», explicou.
Para ultrapassar a situação, Serzedelo defendeu que tem de «haver uma educação a grande nível da enfermagem comunitária» para se ultrapassarem os preconceitos.
Na véspera do Dia Nacional do Dador de Sangue, o presidente do Instituto Português de Sangue, Gabriel Olim, recordou que os dadores são todos voluntários e que os serviços fazem escolhas com base em comportamentos de riscos, quer entre homossexuais quer entre heterossexuais.
Homossexuais «impedidos» de dar sangue
- Portugal Diário
- 26 mar 2007, 17:30
Apesar da lei ter sido alterada há um ano, queixas prosseguem
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