Disfunção sexual afecta mais as mulheres - TVI

Disfunção sexual afecta mais as mulheres

  • Portugal Diário
  • 24 nov 2007, 16:20

Mas nestes casos não há uma solução terapêutica eficaz

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A disfunção sexual afecta pelo menos duas vezes mais mulheres do que homens, mas no caso delas não há uma solução terapêutica eficaz, salvo em casos muito pontuais, disse à Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia.

Nas vésperas do 10º Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Sexual, que se realiza entre domingo e quarta-feira em Lisboa e no qual a disfunção sexual nas mulheres terá um lugar de destaque, Nuno Pereira fez à agência Lusa o diagnóstico de uma «situação extremamente complexa, mal estudada e mal esclarecida».

A disfunção sexual nas mulheres inclui problemas como a falta de desejo, dificuldade em atingir o orgasmo e dor ou desconforto durante as relações e estima-se que, no Sul da Europa, 30 por cento das mulheres tenham algum tipo de problema sexual.

Nos Estados Unidos, os números chegam a atingir os 50 ou 60 por cento da população feminina.

Já entre os homens, o número de casos de disfunção com repercussões pessoais (disfunção moderada ou grave)aponta para quatro ou cinco em cada 100.

«Mesmo contabilizando os homens com disfunção ligeira, que não costumam procurar ajuda médica, deve haver 12 a 13 por cento de casos e com ejaculação prematura, com excepção dos estudos em Portugal que não confirmaram estes dados, devem existir mais de 20 por cento de casos», referiu Nuno Pereira.

Depois de os homens terem percebido que a impotência «não é vergonha, mas sim doença, e que é por isso que se vai ao médico», as mulheres precisam agora de procurar ajuda quando sentem que algo não está bem, aconselhou o especialista, assumindo, porém, não haver suficiente resposta médica.

Mulheres não se queixam

«Há um ciclo vicioso, as mulheres não se queixam porque acham que não vão ter resposta, os médicos não se formam porque não há quem os questione. Há poucas soluções terapêuticas para lá das psicológicas e as medicamentosas são usadas em casos muito pontuais. Mas é um ciclo que está em explosão, está sob um grande foco de interesse», assegurou.

Nuno Pereira referiu que os ginecologistas não estão bem preparados, uma vez que actualmente só existe uma faculdade de medicina em Portugal com uma cadeira opcional de sexologia.

«Nos internatos não há a mínima preparação, os urologistas (que tratam as disfunções masculinas) têm um pouco mais de preparação, mas se as mulheres se queixassem, os próprios ginecologistas procuravam ter mais formação», disse.

As mulheres são mais consumidoras de consultas e habitualmente realizam exames médicos de rotina, mas quando se trata de problemas relacionados com a sua sexualidade o silêncio é frequente, observou o especialista, apontado a timidez, temor ou desconhecimento de possíveis soluções como hipóteses para esta realidade.

O facto de as mulheres poderem ter relações sexuais mesmo quando têm disfunção, ao contrário dos homens, também evita a pressão do parceiro para uma ida ao médico.

Os laboratórios tentaram imitar as soluções para as disfunções masculinas, ao desenvolver um comprimido cor-de-rosa, semelhante ao azul que combate a impotência masculina, mas o resultado foi um «insucesso». Havia respostas físicas, mas não se cumpriam os objectivos clínicos, já que «se regista mais lubrificação vaginal, devido à vascularização, mas o desejo da mulher tem outros factores complexos», explicou à Lusa.

Causas da disfunção

As causas para a disfunção sexual feminina são variáveis e pode haver justificações físicas, psicológicas (mais predominantes), ou mistas.

«Todo o mecanismo funcional e cerebral não é tão óbvio na mulher. Não funciona como às vezes se diz em relação ao homem - é só ligar o botão em "on e off". A sexualidade feminina é muito contextualizada e pode, num determinado ambiente, funcionar de uma forma e num outro de maneira completamente oposta», sublinhou.
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