Cascais: utentes contra fecho de Oncologia

Cerca de 11.000 pessoas assinaram, até esta segunda-feira de manhã, uma petição contra a eventual inexistência de serviços de oncologia no projecto do futuro Hospital de Cascais, motivo que justificará quarta-feira uma marcha silenciosa de utentes e familiares, noticia a Lusa.

Em Julho passado, após uma reunião com a autarquia, o Ministério da Saúde anunciou que o novo Hospital de Cascais - uma parceria público-privada projectada há três anos - poderá entrar em funcionamento já em 2009, ficando referenciado na Rede Integrada de Oncologia e assegurando cuidados aos portadores de VIH/Sida.

A Comissão de Utentes da actual Unidade de Oncologia considera, no entanto, que o plano é omisso quanto aos futuros serviços oncológicos e teme o avanço de uma intenção «desumana», que poderá levar ao abandono de inúmeros tratamentos.

Esta questão já tinha sido levantada pelo Bloco de Esquerda concelhio e por vários médicos especialistas que participaram na semana passada num encontro aberto à comunidade para debater os serviços de oncologia do futuro hospital.

«As unidades de Oncologia e Tratamento de VIH não foram incluídas no caderno de encargos, mas na semana passada já se decidiu que a segunda fica, porque felizmente tem um coordenador que se preocupa apenas com os doentes», afirmou à Lusa Maria João Ribeiro, representante da Comissão de Utentes, lamentando haver «interesses privados» da parte dos responsáveis pela coordenação nacional do tratamento oncológico.

«É lamentável o que querem fazer. Aqui não há listas de espera, há um ambiente familiar, um prémio de qualidade dado pelo Governo e uma medalha de mérito da Câmara, mas muitas pessoas vão desistir dos tratamentos, porque se mal têm dinheiro para o comboio dentro do concelho, imagine-se para Lisboa», explicou.

«Temos já 11 mil assinaturas, mas serão ainda mais»

Como forma de contestar a eventual retirada dos serviços, a Comissão de Utentes irá concentrar-se quarta-feira, às 18:00, junto ao Hospital de Cascais, seguindo-se uma marcha silenciosa pela baixa da vila até à Câmara Municipal, para pedir ao presidente António Capucho que sensibilize «quem de direito» e dê conhecimento de que foram já recolhidas assinaturas «suficientes» para levar a questão à Assembleia da República.

«Temos já 11 mil assinaturas, mas serão ainda mais, com certeza, porque esta questão está a realmente a mexer com as pessoas de Cascais e não só», afirmou Maria João Ribeiro.

Para quarta-feira estava também agendada a participação da Comissão Especializada de Saúde na Assembleia Municipal de Cascais, mas, segundo informou esta segunda-feira à Lusa fonte do Ministério da Saúde, o encontro foi adiado para o final do mês por «indisponibilidade de um dos coordenadores».