Faro: 19 médicos chefe das urgências demitem-se - TVI

Faro: 19 médicos chefe das urgências demitem-se

  • Portugal Diário
  • 2 nov 2007, 20:20

Por considerarem que utentes do serviço correm «risco efectivo»

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Os 19 médicos chefe das urgências do Hospital de Faro demitiram-se, anunciou o bastonário da Ordem dos Médicos, que considerou que os utentes que se deslocam àquele serviço correm um «risco efectivo» devido às suas «inaceitáveis» condições, informa a agência Lusa.

O grupo apresentou a sua demissão na passada semana como forma de protesto contra as condições a que se submetem os doentes que recorrem ao serviço de urgência, mas continuam em funções até um prazo máximo de dois meses.

O chefe de equipa de Urgência na área da Medicina, Luís Pereira, foi o primeiro subscritor da carta entregue à Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, à qual o grupo de médicos ainda não obteve resposta. De acordo com Luís Pereira, a falta destes profissionais pode representar um duro golpe na organização do serviço, já que os chefes de equipa são os médicos mais experientes e concentram em si a coordenação das urgências.

Na carta de demissão, os profissionais denunciam as condições «degradantes» em que se encontram os doentes nos corredores daquele serviço e o risco de infecção hospitalar a que estão sujeitos devido à proximidade física entre si: «Macas contíguas em filas paralelas, onde sem um mínimo de respeitabilidade pela pessoa humana, homens e mulheres, lado a lado, são despidos, higienizados, alimentados, medicados».

Salientando que este é um problema «mais vasto» e não circunscrito apenas ao Hospital de Faro, o bastonário, Pedro Nunes criticou o facto de a área da Saúde não ser alegadamente uma das prioridades do Governo. Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, que criticou o facto do Hospital Central do Algarve não ter verba inscrita nos planos para 2008, a Saúde tem sido sim alvo de «cortes económicos acéfalos».

De acordo com Luís Pereira, se ao fim de um prazo de 60 dias não for comunicada nenhuma resposta por parte da ARS, a demissão é automática e terá que ser feito, por lei, um pedido individual de demissão.

Doentes correm risco

A directora clínica do Hospital de Faro já reconheceu que alguns doentes correm risco ao deslocarem-se às urgências da unidade, mas esclareceu que esse risco se restringe aos idosos, obrigados a ficar demasiado tempo em contacto com outros doentes.

Em conferência de Imprensa, Helena Gomes desmentiu ter recebido qualquer pedido de demissão em bloco, acrescentando que apenas recebeu «um documento de alerta» de 19 chefes de equipa do hospital e que o pedido de demissão teria que ser formalizado individualmente.

Negando a existência de perigo generalizado para os utentes das urgências, a responsável garantiu que o doente urgente é, pelo contrário, "muito bem atendido" no Hospital Distrital de Faro: «O problema são os idosos que nos chegam com patologias diversas e que, depois de tratado o seu problema crónico, permanecem muito tempo nos corredores das urgências, porque temos dificuldade em os recolocar nas famílias ou em instituições».

Helena Gomes admitiu que as urgências estão sub-dimensionadas, já que foram pensadas para o volume de doentes de há 28 anos atrás, quando foram criadas.
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