Quando os serviços de urgência matam - TVI

Quando os serviços de urgência matam

  • Portugal Diário
  • 22 fev 2008, 08:33
Hospital

Basta que funcionem mal: morte de 4 em cada 10 doentes seria evitável

Relacionados
A morte de quatro em cada 10 doentes que morrem em Portugal no serviço de urgência, teoricamente, seria evitável se os serviços funcionassem correctamente, defendeu, quinta-feira à noite o presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

José Manuel Silva defendeu também em Coimbra, que é «impossível trabalhar com qualidade» nos serviços de urgência devido aos congestionamentos provocados pela reforma da saúde em curso.

«Os serviços de urgência não estão dimensionados para a procura. O espaço físico, os recursos técnicos e humanos são claramente insuficientes», frisou José Manuel Silva.

«O congestionamento aumenta a mortalidade em 43%»

O médico e professor na Universidade de Coimbra intervinha num debate sobre o «Direito à Saúde: Reforma dos Cuidados de Saúde Primários e das Urgências», promovido pela República do Direito - Associação Jurídica de Coimbra.

Perante uma plateia reduzida de pessoas, José Manuel Silva afirmou que «hoje corremos risco quando vamos a um serviço de urgência», acrescentando que nesses locais «os doentes não estão a ser bem assistidos» devido ao congestionamento que se regista.

«Hoje corremos risco quando vamos a um serviço de urgência»

«O congestionamento aumenta a mortalidade em 43 por cento. Portanto, quatro em cada 10 doentes que morrem em Portugal no serviço de urgência, teoricamente seriam evitáveis se tivéssemos o serviço a funcionar correctamente», sublinhou.

Embora reconheça que a reforma está «perfeita na sua definição», José Manuel Silva considera que para ser implantada exigia-se «condicionalismos que não foram cumpridos», entre eles a falta de uma rede pré-hospitalar, de ambulâncias.

O presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos considera que se fosse respeitado todo o relatório da reforma das urgências pelo Ministério da Saúde «as coisas teriam corrido de outro maneira».

«Efectivamente o relatório serviu para conferir objectivos economicistas, não sendo esse o objectivo que presidiu à elaboração do relatório», disse José Manuel Silva.

Presente no debate, o cirurgião José Manuel Almeida, da comissão técnica de apoio ao Processo de Requalificação das Urgências, explicou a reforma elaborada com a necessidade de atender ao tempo actual, em que os serviços são mais procurados e os «recursos humanos extremamente escassos».

Reforma não tem objectivos economicistas

Referindo que em Portugal existe um «problema claro de organização», o médico do Centro Hospitalar de Coimbra rejeitou que a reforma tivesse objectivos economicistas, tendo em conta as avultadas verbas que a criação da rede de urgências implica.

Segundo José Manuel Almeida, com a futura rede de urgências 90 por cento dos portugueses ficará a «menos de 30 minutos de um verdadeiro serviço de urgência», rejeitando que a reforma contribua para o despovoamento do interior do País.
Continue a ler esta notícia

Relacionados