Há excesso de medicação na 3ª idade - TVI

Há excesso de medicação na 3ª idade

Idoso

Alerta foi dado pelo neurologista Alexandre Castro Caldas

O neurologista Alexandre Castro Caldas alertou este sábado para os inconvenientes da excessiva prescrição de medicamentos a pessoas com mais de 65 anos e para os efeitos perversos da forma como os portugueses encaram o impacto da idade na saúde.

No encerramento em Ponta Delgada de um congresso internacional sobre envelhecimento e qualidade de vida, o director do Instituto de Ciências para a Saúde da Universidade Católica citou dados de inquéritos especializados reveladores de que em Portugal as pessoas de idade superior a 65 anos demonstram queixas sobre o seu estado mais do que em qualquer outro país europeu.

Além de sublinhar as consequências dessa forma negativa de se encarar, Alexandre Castro Caldas sublinhou, sobre o uso excessivo de medicação, não se conhecer ao certo os seus resultados.

Por exemplo, ao nível da «fixação da memória» sabe-se já dos efeitos perversos dos medicamentos usados para ajudar a dormir.

«Temos de ter um sono conveniente para manter a memória», advertiu, sublinhando que de um mau dormir pode resultar a confusão mental.

Alexandre Castro Caldas admitiu que o aumento da velocidade do processo de informação no cérebro nos tempos actuais penaliza o desempenho dos cidadãos idosos, mas sustentou que o envelhecimento não é obrigatoriamente um fenómeno de perda em toda a linha.

Há potencialidades humanas que ganham com a idade, como a é o caso da capacidade de abstracção, sustentou.

Embora reconhecendo a inexistência de «receitas» para manter um bom funcionamento do cérebro ao longo da vida, o investigador do Instituto de Ciências para a Saúde da Universidade Católica realçou a importância de assegurar o seu funcionamento pleno e a vantagem da sua estimulação.

Em declarações à Lusa antes da conferência, Alexandre Castro Caldas sublinhou que para se «envelhecer melhor é preciso viver melhor», reconhecendo que «a sociedade não se preparou para aprender a viver nessa fase» da vida.

Mas «as pessoas têm de se esforçar por compreender como é possível tirar partido dessa fase da vida que tem coisas muito interessantes e que vale a pena explorar», alegou.

O investigador da Universidade Católica referiu ainda que os avanços da ciência nesta área «permitem conhecer melhor qual é o caminho a seguir para perceber os fenómenos», muitos deles com «uma interpretação fisiológica simples» que se vai conhecendo e compreendendo.
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