Droga: menos 12 médicos para seguir metadona - TVI

Droga: menos 12 médicos para seguir metadona

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Presidente do IDT, João Goulão, confirma saída de vários médicos do instituto no âmbito de um processo de reestruturação

O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, confirmou esta terça-feria à Lusa que 12 médicos pediram para sair daquele organismo, não por insatisfação mas para «aproveitar a janela de oportunidade» proporcionada pela mobilidade especial.

O CDS-PP pediu segunda-feira uma audição parlamentar com a ministra da Saúde e com o presidente do IDT para prestarem esclarecimentos sobre a saída de dezenas de médicos daquele organismo e as políticas da instituição.

João Goulão nega a existência de uma «debandada de médicos do IDT», realçando que o organismo está num processo de reestruturação.

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«O IDT está num período de reestruturação e está criada uma figura que é a mobilidade especial, por opção voluntária que permite que as pessoas deixem os serviços em condições vantajosas do ponto de vista individual», sustentou.

De acordo com João Goulão, em todo o país entraram 40 pedidos de mobilidade especial em todas as categorias profissionais, dos quais 12 são médicos, predominantemente da região de Lisboa e Vale do Tejo.

«Temos 12 [médicos] no total, sendo que cinco foram despachados favoravelmente e sete estão em apreciação. Não há debandada nenhuma», frisou.

O presidente do IDT salientou que de uma forma geral todas as pessoas que fizeram o pedido para sair tiveram a atenção de lho transmitir antes.

«Todos disseram que se trata de aproveitar a janela de oportunidade e não porque batem com a porta, não porque saem zangados, embora alguns tenham uma atitude crítica em relação ao serviço», disse.

Os deputados do CDS-PP que pediram a audição referem que há notícias a denunciarem que a «falta de cruzamento de dados a nível informático entre os vários centros de atendimento de toxicodependentes (CST) facilitou o tráfico de metadona e Subutex».

Referem também que foi noticiada a venda, em diversos pontos do país, de metadona, uma droga de substituição distribuída gratuitamente a toxicodependentes em tratamento em unidades de saúde públicas.

O presidente do IDT contou à Lusa que em Portugal dificilmente haverá um «serviço a oferecer aconselhamento tão próximo dos utentes como os do instituto, com 13 consultas para cada utente por ano».

Para João Goulão, o alargamento dos serviços, o aumento significativo de utentes em programas de substituição, a diminuição do impacto e visibilidade pública da toxicodependência e a diminuição de doenças infecciosas fazem refutar as acusações feitas pelo CDS-PP.

«Há uma série de conquistas e objectivos alcançados que dificilmente são alinháveis com a acusação do desinvestimento e da falta de resultados que é feita pelo CDS», contou.

No que diz respeito ao roubo e tráfico de metadona, João Goulão não nega que esta problemática exista, pois não pode garantir que não haja desvios, mas referiu que estes são residuais.

«A metadona usada em Portugal é comprada por nós através de um concurso internacional e é distribuída através de canais que não interessam especificar mas ao nível da distribuição puro e grosso já ocorreram um ou dois casos de desaparecimento de frascos de um litro que têm impacto no tráfico de rua», contou, referindo que estes casos foram reportados às autoridade policiais que tomaram as medidas possíveis.

João Goulão contou ainda que há casos também em que o utilizador final pode levar a metadona para casa, evitando assim ir aos centro tomar a dose, sendo possível que este em vez de a consumir a ceda ou venda.
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