Piloto não tinha combatido fogos - TVI

Piloto não tinha combatido fogos

  • Portugal Diário
  • 13 nov 2007, 09:40
Incêndios (EPA/Arquivo)

Morreu em Melgaço durante o combate a um incêndio. Empresa onde José Nunes tinha trabalhado diz era a primeira vez do piloto numa operação de luta contra as chamas. Tinha feito apenas missões de fotografias, filmagens e transporte de passageiros. EMA desmente e garante experiência do piloto. Protecção Civil aguarda por inquéritos. Helicóptero despenha-se

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[Última actualização às 13h10]

O piloto que morreu no sábado na sequência da queda do helicóptero Ecureil B3 na freguesia de Parada do Monte, Melgaço, durante o combate a um incêndio, participava pela primeira vez em operações de combate a incêndios florestais. José Nunes Abreu tinha 43 anos.

A denúncia é feita ao Público pelo director de operações da Helibravo, comandante José Pereira, a empresa onde o piloto trabalhou até Agosto, data em que se mudou para a Empresa de Meios Aéreos (EMA), que gere os helicópteros adquiridos pelo Estado.

De acordo com director de operações da Helibravo, o malogrado piloto iniciou-se na aviação aos 40 anos e tirou o curso comercial de helicópteros. Nos dois anos seguintes «fez missões de fotografias, filmagens e transporte de passageiros, mas nunca combateu incêndios».

José Pereira vai mais longe: «Se ele tivesse preparação e experiência para fazer combate a fogos tê-lo-ia feito para nós em Julho deste ano, e evitaria que tivéssemos chamado um piloto do estrangeiro».

O mesmo responsável da Helibravo sublinha que o combate aos incêndios é uma missão muito exigente e perigosa. «Até 2006, éramos a única empresa em Portugal a ter os B3 e as companhias de seguros exigiam-nos que os pilotos tivessem 2500 horas de voo para segurarem a operação toda», exemplificou.

Segundo o presidente da EMA, Rogério Pinheiro, em declarações transmitidas pela RTP, o piloto teria «900 horas de voo». Já Gil Martins, comandante responsável pela Protecção Civil, recusa-se a comentar a situação, acrescentando que estão dois inquéritos a decorrer e que até lá não é possível averiguar as causas do acidente.

De acordo com o Público, o director do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves, Anacleto dos Santos, é responsável por um dos inquéritos ao acidente e pretende saber se o piloto estava preparado para combater incêndios.

Anacleto Santos pretende saber «se o piloto tinha experiência com voos de montanha, com o balde e que treinos teve», adiantando que apenas se sabe que o piloto tinha «entre 800 e 900 horas de voo».

Para o responsável da Helibravo, o piloto deveria ter começado por fazer trabalho de carga suspensa, uma missão menos arriscada do que os incêndios. No ano seguinte, talvez o piloto pudesse avançar para os fogos.

O Gabinete não suspeita de avarias mecânicas, mas ainda não descartou completamente essa hipótese.
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