Absolvida inspetora da PJ acusada de matar avó do marido - TVI

Absolvida inspetora da PJ acusada de matar avó do marido

Ministério Público tinha pedido pena máxima de 25 anos e já anunciou que vai recorrer da decisão. Ana Saltão volta a exercer já amanhã, «de cara levantada»

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Atualizada às 18h45 com reação do Ministério Público e da advogada de Ana Saltão

Foi absolvida esta segunda-feira a inspetora da PJ Ana Saltão, que tinha sido acusada de matar a avó do marido há dois anos, em 2012. A decisão foi tomada pelo Tribunal de Coimbra, confirmou a TVI. O Ministério Público já anunciou que vai recorrer da decisão.

«É mínima a probabilidade de a arguida ter cometido os crimes nos termos da acusação», disse o presidente do coletivo de juízes, ao terminar a leitura do acórdão.

Ana Saltão foi assim absolvida dos dois crimes de que era acusada: homicídio qualificado da idosa Filomena Gonçalves (avó do marido, também ele inspetor daquela polícia) e peculato (alegado uso de arma da PJ para cometer o crime).

«Há aqui coisas que ainda hoje não estão esclarecidas» e para as quais «ainda hoje não temos resposta», disse o juiz, de improviso, dirigindo-se já diretamente para a arguida, sugerindo que a equipa da PJ de Coimbra que conduziu a investigação cometeu alguns erros na obtenção da prova.

Além da dupla absolvição, Ana Saltão deverá «retomar na sua plenitude», na terça-feira, as funções que desempenhava na Polícia Judiciária, em novembro de 2012. «Amanhã, tem de se apresentar ao serviço», disse o magistrado, citado pela Lusa.

«Falhas da investigação são crassas»

O Ministério Público tinha pedido a pena máxima de 25 anos para Ana Saltão, por alegadamente ter disparado 14 tiros numa idosa de 80 anos, que acabou por morrer.

O MP queria, ainda, que Ana Saltão fosse proibida de voltar a exercer a função de inspetora da PJ. Não aconteceu.

«Se há um erro clamoroso, não há nenhum motivo para que não possa voltar a exercer a sua profissão», declarou a advogada de Ana Saltão, Mónica Quintela, à saída da sala de audiências do Palácio da Justiça de Coimbra.

Frisando que a inspetora pode «retomar na sua plenitude» as suas funções, fez questão de dizer que espera que a sua cliente «se apresente ao serviço de cara levantada».

Mais ainda: anunciou que assim que a decisão judicial transitar em julgado, avançará com um pedido de indemnização ao Estado para que Ana Saltão seja ressarcida dos danos morais e materiais que alegadamente sofreu enquanto durou o processo contra si.

A arguida, lembrou, «esteve seis meses detida preventivamente». «As falhas da investigação são crassas. Há um crime muito grave que ficou por deslindar», referiu Mónica Quintela, realçando que «mais nenhuma linha de investigação foi seguida» pela PJ e pelo Ministério Público.

A advogada admitiu aos jornalistas que gostaria que fosse reaberto o processo no futuro, a partir de «outros rumos e outras linhas de investigação» que não foram exploradas. «Gostaria muito que fosse feita essa reabertura, para que um crime hediondo (assim classificado pelo procurador do MP Jorge Leitão) não ficasse por punir».

Na sua opinião, houve «uma falha gravíssima na investigação», o que originou «um processo de intenções sem qualquer consistência factual».

O crime aconteceu numa residência da rua António José de Almeida, zona de Celas, em Coimbra, a 21 de novembro de 2012.

Nas alegações finais, em julho, o MP alegava que a arguida revelou «premeditação e frieza de ânimo» na execução do crime.

Já a advogada de Ana Saltão tinha pedido a absolvição total da arguida, que acabou por ser decretada agora.
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