Acordo ortográfico é «ameaça» à língua portuguesa - TVI

Acordo ortográfico é «ameaça» à língua portuguesa

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Escritores de todo o mundo aprovaram uma resolução Comité de Tradução e Direitos Linguísticos que manifesta uma evidente preocupação

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O PEN Internacional, organização não-governamental de escritores com 144 centros em mais de 100 países, manifestou «evidente preocupação pela ameaça à Língua Portuguesa representada pelo Acordo Ortográfico de 1990», informou o PEN Clube Português.

Em comunicado, o PEN Clube Português afirma que, no 78º Congresso do PEN Internacional, que terminou domingo na Coreia do Sul, «foi aprovada por unanimidade uma resolução do Comité de Tradução e Direitos Linguísticos que manifesta uma evidente preocupação pela ameaça à língua portuguesa representada pelo Acordo Ortográfico de 1990 [AO/90]».

No congresso, que reuniu 87 centros de todo o mundo, a maioria dos escritores presentes manifestou «incredulidade» e interrogou-se «como se teria chegado a tal situação», afirma o PEN Português.

Segundo o comunicado a que a Lusa teve acesso, na apresentação do tema na Coreia do Sul, a presidente do PEN Clube Português, Teresa Salema, manifestou a «preocupação pela situação com que um número crescente de escritores e tradutores se vê confrontado», nomeadamente pelo facto de muitos não se identificarem com AO/90 ou «de deixarem que os seus textos sejam convertidos para uma ortografia que lhes é alheia, ou de não verem as suas obras publicadas».

Uma preocupação que «foi por todos sentida como um problema complexo», atesta o PEN Clube Português.

«Também os tradutores que em princípio não pretendam seguir o AO/90 se veem submetidos às imposições administrativas e comerciais», refere o comunicado, citando a resolução aprovada pelo PEN Internacional.

Segundo a resolução aprovada, «tentar centrar uma língua em prioridades administrativas e/ou comerciais é enfraquecê-la ao atacar a sua complexidade e criatividade inata, a fim de promover métodos burocráticos de natureza pública e privada».

Na resolução aprovada afirma-se que, «no que toca ao Inglês, houve tentativas equivalentes para uma aproximação universal no tempo do Império Britânico. Contudo, a força das regiões anglófonas (situação similar à do Português) levou a que tais regras tivessem sido quebradas tanto internacional como naturalmente».

«Duvidamos muitíssimo que essa proposta de estandardização produza outros efeitos além de burocratizar os textos usados nas escolas, separando assim os alunos da real criatividade da língua portuguesa, nos planos regional e internacional», lê-se na mesma resolução.

Segundo o comunicado do PEN Clube Português, no debate da resolução houve intervenções de vários centros, nomeadamente por parte do Centro PEN galego que manifestou «a sua afinidade na diferença linguística [¿] reiterando o seu apoio incondicional à Declaração».

«Também o Centro PEN alemão repudiou firmemente a ingerência de autoridades governamentais em assuntos linguísticos de reconhecida complexidade», lê-se no mesmo comunicado, segundo o qual, «o presidente do Comité de Escritores para a Paz sublinhou a sua preocupação pela divisão e possível aumento de conflitualidade que tais medidas estão a causar entre os cidadãos portugueses».
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