Aos microfones, fica a pergunta que não pôde fazer ao próprio:
«Por que é que ele tem mentido?»
Outras perguntas ficaram por fazer, segundo esta mãe. «Quanto a mim não está é em condições de nos olhar nos olhos porque sabe perfeitamente aquilo que fez e que pôs a vida dos nossos filhos em risco», diz.
A advogada de João Gouveia e único arguido neste processo, Paula Brum, apresenta uma versão diferente para a ausência:
«Ele renunciou ao direito de estar presente que lhe assiste para se defender dos atos instrutórios (…) devido a toda a pressão mediática que tem estado a ser feita durante este ano».
E também «a pressão que tem sido feita pelos assistentes na discussão pública e pela forma como o têm tratado, quer com a apresentação de uma queixa autónoma quer também na forma como têm atingido o seu bom nome, tratando-o como se fosse um criminoso».
Paula Brum alega em defesa do seu cliente que «durante o inquérito, o João Miguel sempre falou. Falou várias sessões, todas elas de mais de dez horas».
Declarações que coincidem com as proferidas pelo pai do arguido.
A ausência parece apenas não ter surpreendido o advogado das famílias, Vítor Parente Ribeiro:
«Como era esperado, o João Gouveia não apareceu e enviou um requerimento a dizer que não prestava declarações. (…) Não faço qualquer leitura. Era esperado que chegado a esta fase não quisesse falar porque é mais complicado quando em que se responder às perguntas».
O advogado aguarda o final da fase de instrução que ainda pode permitir ao caso do Meco subir a julgamento, embora adiante que «ano espera grandes alterações».
O debate instrutório continua no tribunal de Setúbal na sexta-feira, altura em que vai ser ouvido um perito em afogamento.