Ao lado do estabelecimento prisional, onde o ex-primeiro-ministro José Sócrates se encontra em prisão preventiva, aqui e ali, algumas pessoas passam ou param e olham para o edifício, enquanto fazem conversa umas com as outras, acabando por seguir o seu rumo, momentos depois.
A presença dos jornalistas também se faz notar e suscita a curiosidade dos populares, que têm aproveitado a pastelaria localizada nas imediações para apreciar a movimentação e dar «dois dedos de conversa».
A pastelaria, «normalmente, tem movimento, mas hoje em especial. Por causa do novo vizinho temos tido mais movimento», disse à agência Lusa Diogo Carocho, funcionário do estabelecimento de restauração.
A pastelaria abriu, como diariamente, às 07:30 e, a essa hora, continuou, «já havia algumas pessoas na rua, mas não muitas».
«Só depois, com o decorrer da manhã e com as notícias, é que começou a aparecer mais gente», realçou o funcionário.
O edifício onde está instalada a pastelaria é de apartamentos e, na habitação mesmo por cima do estabelecimento, um morador fez questão de colar um cartaz na janela que diz: «Não quero o Sócrates como vizinho».
Uma das televisões do café, junto à janela, como é habitual neste estabelecimento, também está virada para o exterior, podendo quem passa dar uma «espreitadela» às últimas notícias da emissão.
No interior, quem já tomou a bica ou o pequeno-almoço, vai tentado saciar também a curiosidade.
«[Perguntam] o normal, se já aí está o senhor, se não está, o movimento. Estão sempre a fazer esse tipo de comentários», afirmou Diogo Carocho.
Na rua, José Patoleia, de 65 anos, de mãos nos bolsos e olhar fixado no estabelecimento prisional, também não resistiu hoje a dar a sua volta por esta zona.
«É raro parar aqui, mas hoje passei e reparei nisto. Estou a observar aqui o movimento», relatou, explicando ter visto o aparato das televisões: «Lembrei-me de vir ver o que se passava».
«Se calhar é para trazerem para aí algum preso, não? Não sei, uns dizem que é um, outros dizem que é outro», perguntou à Lusa, ainda sem certezas sobre o novo «vizinho».
Ao saber que está confirmada a prisão preventiva de Sócrates na prisão da cidade, localizada na periferia do centro histórico, argumentou: «Para mim são todos iguais. Desde que façam mal, têm que pagar por aquilo que fizeram. Se não fizeram, está mal [que esteja em prisão preventiva]», declarou.