«Não me posso sentir culpada pela morte da Joana» - TVI

«Não me posso sentir culpada pela morte da Joana»

Leonor Cipriano

Leonor Cipriano diz que nunca fez mal à filha e que foi o irmão quem a raptou e assassinou

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«Não me posso sentir culpada pela morte da Joana porque não a matei. Uma pessoa não pode sentir-se culpada por uma coisa que não fez nem nunca tentou fazer. Não a matei nem nunca lhe bati», afirma Leonor Cipriano ao «24 Horas».

«O meu advogado pediu ao tribunal para serem ouvidas no julgamento [que decorre no Tribunal de Faro] muitas pessoas que sabem que eu nunca fiz mal à Joana. Todos queriam ir a tribunal dizer a verdade, que me conheciam bem e que eu nunca maltratei os meus filhos», garante na primeira entrevista desde que foi presa.

Condenada a 16 anos pela morte da filha, Leonor Cipriano assume apenas a «culpa» por ter confiado no irmão, que, segundo diz, a convenceu a entregar a filha a um casal que iria cuidar dela. «O bandido do João [o irmão] disse-me que a Joana ia crescer na miséria, como eu, quase analfabeta, sem estudos, sem dinheiro, que ia limpar retretes para o resto da vida como a mãe». Foi então, que lhe falou do casal de estrangeiros que não podia ter filhos e queria ficar com a Joana e até lhe dava algum dinheiro para cuidar dos outros dois filhos. «Convenceu-me de que isso era o melhor para a Joana e para os meus outros filhos», diz Leonor.

Sobre o irmão, afirma que é «um monstro» que «raptou e assassinou a Joana». «Nunca imaginei que nele fosse capaz de fazer o que fez à minha filha».

Joana «está viva, mas no céu»

«Tenho a certeza de que ela está viva, mas no céu», diz, quando questionada sobre se acredita que a filha possa estar viva. Leonor afirma que muitas vezes «antes de dormir, ouvia Joana a chamar ¿mãe¿ mãe¿. Ela está aflita ao ver a mãe presa por um crome que sabia não ter feito».

«Para mim, a vida sem a Joana, a Laura e o Rúben [outros dois filhos] tem sido um inferno», disse ainda, adiantando depois, que não viu mais os outros filhos desde que foi presa.

« Por que é que aqueles cobardes não bateram no João Cipriano?»

Leonor Cipriano não poupa críticas à investigação do caso. «Uma mãe perde uma filha e sem provas nenhumas acusam-na de ter assassinado uma menina e dão-lhe uma porrada de todo o tamanho para que ela confesse uma coisas que não fez. Por que é que aqueles cobardes não bateram no João Cipriano?»

«Deram-me porrada, socos, pontapés e atiraram-me ao chão. Deram-me com um tubo de cartão duro na cabeça, murros nos olhos, obrigaram-me a ajoelhar em cima de cinzeiros de vidro, chamaram-me nomes», explicou depois dizendo que os inspectores «queriam mostrar serviço. Tinham que arranjar culpados mesmo que fossem inocentes».

Leonor Cipriano que o ex-coordenador da PJ de Portimão «assistiu» a todos os interrogatórios e viu o que lhe fizeram na madrugada em que diz ter sido torturada. «Dá-me raiva quando vejo Gonçalo Amaral na televisão», diz Leonor e adianta que só não aconteceu o mesmo à «mãe da menina inglesa [Kate McCann] porque tinha dinheiro e conhecimentos».
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